Itaipu fecha 19 pontos de pesca, entre eles o de Santa Helena

  • 14/07/2020

Desde que as águas do Rio Paraná foram represadas para formar o Lago de Itaipu, em 12 de outubro de 1982, a pesca comercial começou a se desenvolver em alguns municípios que tiveram seu território banhado.

Na tentativa de oferecer melhores condições aos pescadores, a Itaipu Binacional criou os pontos de pesca (PPs), distribuídos nas cidades lindeiras. Os espaços localizados na faixa de proteção do reservatório foram cedidos pela usina e a construção dos abrigos ficou por conta dos pescadores. 

Algumas normas foram criadas para inibir a utilização inapropriada, entre elas o uso exclusivo por profissionais da pesca artesanal, a preservação ao meio ambiente e a proibição de comercialização das estruturas.

Atualmente, existem 63 pontos de pesca legalizados pela Itaipu, no entanto, recentemente, os pescadores foram notificados sobre o fechamento de 19 deles, distribuídos nos municípios de São Miguel do Iguaçu, Santa Helena, Guaíra e o de número 48, localizado na Linha Apepu em Porto Mendes, o único do distrito rondonense.

Segundo nota enviada pela Divisão de Reservatório e Áreas Protegidas da Diretoria de Coordenação da Itaipu Binacional ao Jornal O Presente, os locais serão fechados por não cumprirem sua função e encontrarem-se em situação como desuso, abandono, utilizados por não pescadores ou encobertos por parcela de floresta.

De acordo com a Itaipu, o fechamento do ponto 48 segue a metodologia aplicada ao fechamento dos outros pontos de pesca e visa otimizar o uso da faixa de proteção e assegurar aos profissionais da pesca melhores condições de trabalho.

Todavia, os pescadores ouvidos pela reportagem do Jornal O Presente no ponto 48 afirmam que as alegações da Itaipu não condizem com a realidade encontrada no local em específico e que o fechamento deve prejudicar seriamente o trabalho dos profissionais.

No ponto 48, em Porto Mendes, existem dez casas. Em cada uma delas trabalham um ou dois pescadores. Vilmar e Vanderlei Feiber são pai e filho e utilizam uma das estruturas há seis anos.

Segundo Vilmar, o momento não está bom por conta da instabilidade na pesca e após o fechamento a situação deve piorar. “Assim já não tá saindo a renda que a gente espera. Tem dia que não sai nem para o combustível”, afirma.

Vanderlei explica que foi cogitada a possibilidade de liberação de uma área próxima à praia artificial de Porto Mendes, mas a distância inviabilizaria o trabalho. “Hoje eu gasto por mês R$ 600 em combustível, se eu tiver que me deslocar a essa distância vou gastar o dobro”, expõe.

Vilmar revela que quando recebeu a casa era de madeira e estava em péssimas condições. Segundo ele, foi necessário investir cerca de R$ 5 mil para fazer uma nova estrutura em alvenaria. “Se eles vão destruir, quero saber se irão me reembolsar”, pergunta.

De acordo com o pescador, a cada dia aumenta a apreensão dos pescadores. “A gente tem documentação, tem o material de pesca, tem bloco, tira nota do peixe e tudo, e mesmo assim fui considerado com não sendo pescador. Quero saber onde vamos chegar com essa situação”, lamenta Vilmar.

Vanderlei conta que além do aumento no custo com o combustível, o gasto com energia elétrica, principalmente para refrigerar os pescados nos dois freezeres, deve aumentar consideravelmente. “Aqui eu tenho luz rural, mas lá em Mendes é urbano. A diferença é grande”, pontua.

Conforme ele, os pescadores ainda acreditam que a situação possa ser revertida para eles continuarem o trabalho no local. “A nossa esperança é que eles reconsiderem a decisão e façam uma nova avaliação”, salienta.

Com inf, O Presente.

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