Disney vira império do entretenimento com compra da Fox; entenda
- 21/03/2019
Após comprar as poderosas divisões de cinema e de televisão
da Fox por US$ 71,3 bilhões, a Disney passou a ter um domínio sem precedentes
no mercado do entretenimento, que vive um momento de grande transformação nos
últimos anos.
Deixando para os cinemas as fantasias sobre o futuro, a
aquisição é a maior dos 96 anos da história da Disney, mas que efeitos ela terá
sobre a empresa e o mercado?
A FAMÍLIA DISNEY SE AMPLIA...
Entre os ativos da 21st Century Fox que passam para as mãos
da Disney estão as produtoras de cinema 20h Century Fox, Fox 2000 e Fox
Searchlight, os estúdios Fox Family e Fox Animation, além dos canais National
Geographic e FX Networks.
A Disney também agora é dona da parte da Fox nos
conglomerados Tata Sky e Endemol Shine, assim como de 60% da plataforma de
streaming Hulu, concorrente da Netflix.
Quanto à força de trabalho, alguns chegam e outros se vão. A
companhia absorverá 15,4 mil funcionários da Fox, controlada pelo magnata
Rupert Murdoch, incluindo os ex-diretores do conglomerado.
No entanto, o executivo-chefe da Disney, Bob Iger,
responsável pela operação junto com Murdoch, prometeu aos acionistas uma
economia de US$ 2 bilhões até 2021. Por isso, as estimativas mais conservadoras
dos analistas são de 4 mil demissões.
...E O IMPÉRIO MURDOCH SE REORGANIZA
A Fox renasceu na bolsa nesta quarta-feira como uma nova
empresa independente, com quatro novos membros em sua direção ao lado de
Murdoch, relegado ao posto de copresidente. O filho do magnata, Lachlan
Murdoch, comanda o império como executivo-chefe.
"Estamos encantados em dar as boas-vindas aos nossos
novos colegas à direção da Fox. Esperamos trabalhar com eles e que eles nos
guiem enquanto começamos um novo capítulo, comprometidos a oferecer o melhor em
notícias, esportes e programação de entretenimento", disse Lachlan em
comunicado.
Assim, a nova Fox vai focar nas notícias e nos esportes, já
que manterá suas principais marcas: Fox News, Fox Sports (nos EUA) e as
emissoras que distribuem as informações dos dois canais.
A NEGOCIAÇÃO FOI LONGA
No fim de 2017, a Disney ofereceu US$ 52,4 bilhões pelos ativos da Fox, mas a Comcast (dona das emissoras NBC e Telemundo) entrou na negociação e fez uma proposta de US$ 65 bilhões.
A queda de braço foi resolvida quando a Disney subiu sua
oferta para US$ 71,3 bilhões. Segundo comunicado que informou a conclusão das
negociações, a empresa também pagará US$ 19,8 bilhões em dinheiro à Fox e
assumirá uma dívida de US$ 19,2 bilhões.
Faltava a aprovação dos órgãos reguladores de vários países,
que acabaram impondo condições ao domínio que a Disney exerceria no mercado de
transmissões esportivas, por exemplo.
No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) determinou que a Disney, dona da ESPN, vendesse a Fox Sports para
aprovar a negociação.
A Justiça dos Estados Unidos também impôs condições para dar
sinal verde para a operação, obrigando a Disney a vender 22 canais regionais de
esportes da Fox.
Falta apenas a aprovação dos órgãos de regulação do México,
que veio apenas nos últimos dias. Como os acionistas das duas empresas já
tinham votado a favor da negociação, a Disney pode anunciar, enfim, a conclusão
da operação de compra da Fox.
HÁ NOVIDADES NO CURTO PRAZO
Diante do crescimento dos serviços de streaming sobre o
mercado da televisão a cabo, a Disney pretende entrar de cabeça no novo
segmento, colocando a liderança da Netflix sob risco.
A empresa já tem um serviço desse tipo para os esportes,
ligado à "ESPN", mas lançará uma plataforma destinada a um público
mais familiar no fim do ano, o Disney+. Assim, séries e filmes que pertencem à
companhia deixarão os catálogos das concorrentes.
Além disso, a Disney mantém a previsão de lançar
longas-metragens que dominarão as bilheterias dos cinemas neste ano: as novas
versões de "Dumbo", "Aladdin" e "Rei Leão", o
quarto filme da franquia "Toy Story", "Vingadores:
Ultimato" e o episódio XI de "Star Wars".
MAIS PODER EM HOLLYWOOD
Potência consolidada em Hollywood desde as aquisições de
Pixar, Marvel e Lucasfilm, a Disney se tornará uma maiores forças do cinema
americano, incorporando um rol de personagens famosos a seu catálogo já
recheado.
Entre eles estão os super-heróis de "X-Men", a
franquia "Avatar", filme de maior sucesso da história do cinema, além
de "Os Simpsons", série que está há mais tempo no ar na televisão
americana.
Resta saber como a Disney administrará o império, já terá
sob sua tutela atrações direcionadas a públicos completamente diferentes. Ficam
dúvidas também sobre como as decisões da empresa afetarão a indústria, que teme
o domínio de uma só companhia no setor.
O QUE DIZ WALL STREET?
A Disney anunciou que 52% dos acionistas da Fox escolheram
receber US$ 38 por ação na operação. Outros 37% optaram por receber títulos da
empresa na negociação encerrada ontem.
No entanto, a quarta-feira foi um dia volátil em Wall Street. Os papéis da Disney fecharam o dia em queda de 0,95%, e os da Fox registraram queda de quase 5% no encerramento do pregão.
Fonte: G1
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