Aneel quita empréstimo, e tarifa de energia ficará, em média, 3,7% mais barata
- 21/03/2019
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André
Pepitone, anunciou nesta quarta-feira (20) que as contas de energia ficarão, em
média, 3,7% mais baratas em 2019 e 1,2% em 2020.
Isso será possível porque o governo e a agência fecharam acordo com
bancos para antecipar a quitação de um empréstimo feito em 2014 para ajudar as
distribuidoras de energia a pagar o custo extra gerado pelo uso mais intenso de
termelétricas.
Naquele ano, o país sofreu com a falta de chuvas, que reduziu
drasticamente o nível dos reservatórios de hidrelétricas, e foi preciso acionar
mais usinas térmicas. O problema é que a energia gerada por elas é mais cara,
porque o processo é feito por meio da queima de combustíveis como óleo e gás
natural.
Em 2015, a Aneel informou que o empréstimo para socorrer as
distribuidoras custaria R$ 34 bilhões aos consumidores. Desse total, R$ 12,8
bilhões se referiam a juros.
Desde aquele ano, vem sendo cobrado um valor adicional nas contas de
luz de todos os brasileiros para pagar as parcelas do empréstimo. A previsão
inicial era de que ele fosse quitado em 2020. Em 2015, a agência estimava que
essa cobrança provocaria um aumento de cinco a seis pontos percentuais nas
contas de luz.
Com a quitação antecipada do empréstimo, os consumidores deixarão de
pagar R$ 6,4 bilhões nas contas de luz em 2019. É isso que fará com que as
contas de luz fiquem, em média, 3,7% mais baratas.
Para 2020, a previsão é que os consumidores deixem de pagar R$ 2
bilhões nas tarifas de energia, o que permitirá uma redução média de 1,2% nas
tarifas.
Socorro a distribuidoras
Pela regra do setor elétrico, as distribuidoras deveriam pagar pelo
custo extra com uso das termelétricas e, depois, serem ressarcidas nas revisões
tarifárias, que ocorrem todos os anos. Ou seja, os consumidores pagariam essa
conta de qualquer maneira.
Na época, porém, as distribuidoras alegaram que a conta era muito alta
e que não dispunham de recursos para fazer frente a ela. Por isso, o governo
optou pelo empréstimo bancário.
O quitação agora vai ser
possível porque, além de recursos para quitar as parcelas do empréstimo, também
foi cobrada dos consumidores uma espécie de seguro, que era depositado em uma
conta reserva.
Anualmente, esse empréstimo custa R$ 8,4 bilhões aos consumidores de
todo o Brasil, com exceção dos de Roraima, que não pagam as parcelas porque o
estado não está interligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
"Dos pagamentos mensais, parte é utilizado para amortizar o empréstimo e parte para criar uma conta de reserva conforme o acordo. Identificamos que em setembro de 2019 o fundo seria constituído por R$ 7,2 bilhões e que o saldo devedor seria de R$ 6,45 bilhões, de tal forma que teria recurso para quitar a operação de forma antecipada", afirmou o diretor-geral da Aneel, André Pepitone.
Segundo ele, o saldo que restar em conta será devolvido aos
consumidores.
Negociação
Atualmente, o empréstimo está ligado a oito bancos (Banco do Brasil,
Caixa, BNDES, Banrisul, Itaú, Bradesco, Santander, Citibank). Esses bancos
cobraram uma taxa de 2% do saldo restante para aceitarem o pagamento
antecipado.
Segundo o presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE), Rui Altieri, isso significa um custo de R$ 140 milhões, valor inferior
ao que seria pago de juros durante o período.
O cálculo dos próximos reajustes tarifários já levará em consideração o
efeito redutor de 3,7% da antecipação. Para as distribuidoras que já passaram
pelo reajuste de 2019, caso da Light, no Rio de Janeiro, a Aneel fará uma
revisão extraordinária para retirar esse custo da tarifa.
G1 — Brasília
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