Aos poucos, moradores voltam a ocupar comércio e ruas de Brumadinho
- 05/02/2019
Ainda que o impacto físico e
psicológico do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) possa ser
sentido e notado pelas ruas da cidade de 40 mil habitantes, pouco a pouco, os
moradores tentam retomar a rotina. No último domingo (3) à noite, famílias
caminhavam para igrejas, e os cultos tinham quase todos os assentos ocupados.
Do lado de fora, orações e
cânticos compunham a trilha sonora da Brumadinho que ensaia o retorno à
normalidade.
Não muito longe dali, amigos se
reuniam em bares e hamburguerias da cidade. Embora não estivessem lotados, já
davam um ânimo maior às ruas que, dias atrás, estavam desertas neste mesmo
horário, segundo os próprios moradores relatam.
Na primeira semana após a
tragédia, que ocorreu em 25 de janeiro, uma sexta-feira, Brumadinho viveu um
toque de recolher informal imposto pela tristeza e angústia. Numa cidade que se
sustenta da mineração e do turismo, praticamente todos conhecem alguém que foi
afetado pelo desastre.
"Nessa semana passada estava
tudo parado. Você não via ninguém na rua de noite. Tudo vazio. A partir desse
final de semana deu pra perceber que as coisas estão começando a voltar ao
normal, digamos. As pessoas estão começando a sair de casa. Tem um pessoal no
comércio", disse o garçom Kleiton Edson.
Em um restaurante às margens da
estrada que dá acesso à cidade, o horário de atendimento foi estendido no
domingo à noite. O horário de fechamento era às 17h, mas o buffet de comida
mineira feita no fogão à lenha ficou até à noite para atender brigadistas,
jornalistas e outros enviados à cidade devido à tragédia.
Durante o dia, helicópteros
envolvidos no resgate de corpos de vítimas continuam sobrevoando a região até
quando a luz do Sol permite. Carros e agentes da Polícia Civil de Minas Gerais
tomam conta do trânsito perto de vias interditadas pela lama.
E em meio a esse cenário
alterado, os moradores voltam a ocupar as ruas, ainda que em menor intensidade.
Na manhã desta segunda-feira,
Brumadinho tinha crianças brincando em parquinhos, passageiros esperando ônibus
nos pontos, e motoboys esperando entregas para sair.
Apesar de a clientela estar
voltando às calçadas do centro comercial, a funcionária de uma loja de calçados
Roberta Silva afirmou que o fluxo já foi maior.
"Está menos ruim, a rua aqui
ficava cheia. Chegava a ter engarrafamento. A gente percebe que a cidade ainda
está bem fraca. Muitos ainda ficaram com dificuldade de se locomover aqui pro
comércio por causa de estrada interditada", disse.
Funcionário de uma distribuidora
de bebidas no centro de Brumadinho, Luís Henrique relatou que, logo após o
rompimento, diversos clientes cancelaram produtos reservados, como barris de
chope, e suprimentos para festas em sítios ao redor da cidade. Não havia mais
clima para celebrações.
Do último sábado para cá, Luís
disse que o movimento vem dando fracos sinais de retomada.
"Infelizmente, a gente não pode parar a vida por causa de uma coisa dessa. Aos poucos, todo mundo vai retornando ao serviço, à vida normal, devagar", disse.
Uol
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