Do químico ao sustentável: o avanço dos defensivos biológicos nas lavouras brasileiras
- 15/01/2025
A agricultura brasileira é amplamente dependente de
defensivos químicos importados, uma realidade que impacta diretamente os custos
de produção e a competitividade do setor. Apesar de sua relevância no mercado
global, o Brasil carece de uma indústria química nacional robusta, o que mantém
essa dependência e o coloca como o maior mercado mundial de defensivos.
Em 2023, o país importou mais de 2,7 milhões de toneladas de
defensivos, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Embora
o consumo por hectare não seja o maior do mundo, a extensão das áreas
cultivadas e a possibilidade de múltiplas safras anuais elevam o volume total
adquirido pelos produtores. Com negociações atreladas ao dólar e influenciadas
por oscilações externas, as importações tornam-se um fator crítico para o
aumento dos custos agrícolas.
Em entrevista ao Portal Agrolink, Luiz Alberto Moreira da
Silva, executivo com mais de cinco décadas de experiência no agro e atual
diretor da Luft Agro, destaca que a ausência de uma indústria química de base
sólida no Brasil impede a produção nacional de defensivos genéricos. Segundo
ele, mesmo com a estruturação de um setor competitivo, atender apenas à demanda
interna não seria viável, exigindo que o país também disputasse espaço no mercado
internacional, o que traria desafios adicionais em termos logísticos e
econômicos. “A falta de uma base industrial forte compromete nossa autonomia.
E, ainda que conseguíssemos desenvolver essa estrutura, os custos poderiam ser
ainda mais elevados”, analisa.
O papel dos defensivos biológicos
No cenário de crescente pressão por práticas agrícolas mais
sustentáveis, os defensivos biológicos despontam como uma alternativa
estratégica para reduzir a dependência de químicos importados no Brasil. Para
Luiz Alberto, a solução vai além da produção orgânica e já conquista espaço
entre grandes players do setor. “Biológicos têm demonstrado eficiência igual ou
superior em aplicações específicas, como nematicidas para soja”, explica o
especialista. Ele reforça que, além de inovadores, esses produtos respondem à
crescente demanda por sustentabilidade, uma exigência cada vez mais presente no
mercado global e essencial para o futuro do agronegócio brasileiro.
Desafios e perspectivas
Embora promissores, os defensivos biológicos ainda enfrentam
obstáculos significativos no Brasil, especialmente devido às suas exigências
logísticas em um território de dimensões continentais. A necessidade de
condições específicas, como refrigeração ao longo de toda a cadeia, torna o
transporte e o armazenamento um desafio.
Apesar disso, Luiz Alberto Moreira da Silva mantém uma visão
otimista sobre a evolução desses produtos. “Os biológicos têm superado
barreiras importantes e, embora devam coexistir com os químicos por um bom
tempo, a tendência é de um equilíbrio crescente entre essas soluções no campo
brasileiro”, projeta.
Essa transição não apenas reforça a competitividade do
agronegócio nacional, mas também responde às demandas globais por práticas mais
sustentáveis, apontando para um futuro no qual a agricultura brasileira se adapta
cada vez mais às necessidades ambientais e econômicas de um mercado em
constante transformação.
AgroLink | Foto: Pexels
Ficou sabendo de algo? Envie sua notícia no WhatsApp Xeretando (45)99824-7874
0 Comentários