'Se o Supremo ainda for o Supremo, minha decisão tem que ser obedecida', diz Aurélio
- 19/12/2018
O ministro Marco Aurélio Mello,
do Supremo Tribunal Federal, afirmou ao blog nesta quarta-feira (19) que, se o
tribunal ainda for "o Supremo", a decisão dele terá de ser obedecida.
Mais cedo, nesta quarta, Marco
Aurélio mandou soltar todas as pessoas que estiverem presas por terem sido
condenadas pela segunda instância da Justiça.
A decisão atinge diretamente o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril por ter sido
condenado pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4).
"Se o Supremo ainda for o Supremo, minha decisão tem que ser obedecida, a não ser que seja cassada", afirmou.
Questionado pelo blog se algum
juiz pode não acatar a decisão, Marco Aurélio repsondeu:
"Vai ser um teste para a
nossa democracia, para ver se as nossas instituições ainda são respeitadas."
Marco Aurélio relatou que vinha
tentando pautar o tema no plenário do STF durante todo este ano, mas o tribunal
não colocava a ação em julgamento.
Para o ministro, "os tempos
mudaram", isso porque, na opinião dele, quando o caso é urgente, o
plenário deve analisar rapidamente.
"Achei que não podia encerrar o ano no Judiciário sem tomar uma decisão sobre o assunto, por isso tomei uma decisão", disse.
Indagado, então, se teme ser
criticado, afirmou: "Magistratura é opção de vida. Não ocupo cadeira do
Supremo voltado a fazer relações públicas. É o meu dever seguir minha
consciência, e temos de cumprir o nosso dever".
Prisão após 2ª instância
Desde 2016 o STF entende que a
pessoa pode ser presa após ser condenada pela segunda instância da Justiça.
Ações no tribunal, contudo, visam
mudar o entendimento. Isso porque o artigo 283 do Código de Processo Penal
estabelece que as prisões só podem ocorrer após o trânsito em julgado, ou seja,
quando não couber mais recursos no processo.
Além disso, o artigo 5º da
Constituição define que "ninguém será considerado culpado até o trânsito
em julgado de sentença penal condenatória".
Esse artigo, segundo a própria
Constituição, não pode ser modificado por emenda aprovada pelo Congresso por
ser "cláusula pétrea".
O tema será julgado definitivamente pelo STF em abril do ano que vem.
G1
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