Cooperativa-escola: novo modelo de ensino agrícola transforma educação do Paraná
- 30/06/2025
Com mais agilidade administrativa e uma vivência
prática do cooperativismo, os colégios agrícolas e florestais do Paraná estão
qualificando o ensino técnico e fortalecendo o vínculo com o setor produtivo.
Nova lei tem permitido que os colégios adquiram insumos e equipamentos com mais
autonomia e comercializem os excedentes da produção.
Um trator quebrado no meio do plantio costumava significar semanas de
espera para a manutenção no Colégio Agrícola da Lapa, com potenciais perdas na
produção e atraso no cronograma de aulas. Agora, com a cooperativa-escola
implantada, o conserto pode ser feito em pouco tempo com recursos próprios e
decisões compartilhadas entre alunos, professores e direção.
O avanço é um dos reflexos da transformação que já abrange 21 dos 26
colégios agrícolas e florestais do Paraná, já adaptados à nova legislação
estadual que regulamenta o modelo cooperativo.
Com mais agilidade administrativa e uma vivência prática do cooperativismo,
essas instituições estão qualificando o ensino técnico e fortalecendo o vínculo
com o setor produtivo.
Idealizada pelo Governo do Estado, a implantação das cooperativas-escola
tem permitido que os colégios da rede estadual adquiram insumos e equipamentos
com mais autonomia, comercializem os excedentes da produção agropecuária das
fazendas-escola e direcionem os lucros para a própria melhoria da
infraestrutura e das aulas práticas.
É uma mudança significativa em relação ao modelo anterior, no qual os
valores obtidos com a venda de produtos precisavam ser repassados ao Estado ou
comercializados de maneira informal.
Na Lapa, onde a Escola Agrícola foi criada em 2004 e atualmente atende
mais de 400 estudantes, a cooperativa já permitiu ações diretas como a
contratação de serviços de manutenção, a compra de sementes e a aplicação de
melhorias na produção de leite e hortaliças.
Para o diretor-geral do colégio, Eros Ferreira do Amaral, essa agilidade
tem feito a diferença na rotina escolar. “O trator estragou no campo e
conseguimos chamar o mecânico no mesmo dia, pagar pelo serviço e continuar com
o plantio. Antes, teríamos que solicitar recursos ao Estado e aguardar a tramitação.
A cooperativa dá esse dinamismo, sem perder a transparência administrativa”,
relata.
Segundo Amaral, o envolvimento da comunidade escolar no processo de
decisão reforça o aspecto pedagógico da iniciativa. “A cooperativa existe para
apoiar a parte didática. Os alunos veem o que está sendo produzido, participam
das decisões sobre onde investir os recursos e acompanham os resultados. Isso
amplia a visão deles sobre o agro e sobre gestão”, complementa.
A participação estudantil é um dos pilares do modelo. Jonas Vega
Rodriguez, estudante do 3º ano do ensino médio, já sente os reflexos. “A gente
aprende na prática o que é uma cooperativa. Participa das decisões, entende os
processos e tem contato com projetos reais. Isso vai me ajudar muito na vida
profissional”, diz o aluno, que é venezuelano e quer seguir carreira no setor.
Para o professor de solos Marcos Pontarolo, que também é vice-presidente
da cooperativa da Lapa, o novo modelo tem ampliado o interesse dos alunos e
facilitado o planejamento.
“Conseguimos decidir em conjunto, entre professores, pais e estudantes,
o que produzir e onde investir. Isso reduz a burocracia e melhora o
aprendizado, porque o conteúdo das aulas se conecta diretamente à realidade do
campo”, explica o professor. Ele destaca que a escola tem investido na produção
orgânica e em sistemas agroindustriais, com a fabricação de queijos, doces,
iogurtes e compotas, todos elaborados no próprio colégio.
Foto: Geraldo Bubniak/AEN
Fonte: Governo do Estado
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