Nasce 1º bebê fruto de útero transplantado fora de estudos clínicos
- 28/07/2023
Pela primeira vez no mundo, um bebê fruto de um útero
transplantado nasceu sem estar em um programa de testes científicos. Após
receber o órgão de uma doadora morta, a americana Mallory (que não teve seu
sobrenome divulgado) deu à luz um bebê em maio deste ano.
A história foi revelada nessa segunda-feira (24/7) pela
Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, onde Mallory fez seu transplante
de útero no final de 2021. Embora seja uma universidade, a mulher não
participou de um estudo científico: ela se voluntariou, como pode fazer
qualquer pessoa no site da instituição.
A americana nasceu sem útero graças a uma condição genética
rara, a síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser, que ela descobriu ter aos
17 anos. O bebê gerado, no entanto, não é seu primeiro filho: ela teve uma
menina com seu marido Nick através de uma barriga de aluguel, feita pela sua
irmã.
“Existem várias maneiras de aumentar sua família se você
tiver infertilidade, mas o transplante de útero me permitiu realizar um sonho.
Foi lindo ter a oportunidade de engravidar”, disse Mallory ao site da UAB.
O que é o transplante de útero?
Para receber um útero transplantado, a pessoa precisa passar
por um processo que leva de dois a cinco anos e que se divide em cinco etapas:
Primeiro, é feita uma geração de embriões semelhante à da
fertilização in vitro para garantir a fertilidade mesmo se ocorrerem
complicações;
Depois, é feito um transplante em que o útero é retirado de
um doador compatível e implantado no receptor;
No mínimo seis meses após a cirurgia, os embriões preparados
da doadora são inseridos no útero para avaliar se ele é capaz de gerar um bebê;
A criança nasce por uma cesariana planejada, já que o órgão
transplantado não tem as mesmas ligações naturais com a vagina que um órgão
biológico. Caso o processo não funcione, é preciso esperar mais seis meses
antes de tentar novas gestações;
Por fim, o útero é removido, já que enquanto a paciente o
mantiver, deve tomar medicamentos imunosupressores que diminuem a saúde de seu
corpo.
“O transplante de útero é o único tratamento médico
eficiente para a infertilidade do fator uterino e, apesar da segurança e
eficácia, ele atualmente é inacessível a pacientes que não estejam participando
de estudos”, diz a diretora do programa de cirurgias da UAB, Paige Porrett.
Ao todo, foram realizados cerca de 100 procedimentos deste
tipo no mundo desde que a técnica começou a ser testada, em 2014. Pouco mais da
metade dos casos geraram gestações saudáveis até agora.
“Nosso objetivo é tornar este procedimento uma possibilidade
acessível para todas as mulheres que querem vivenciar a gravidez e o parto, mas
não podem por diversos motivos”, afirma o diretor da faculdade de medicina da
universidade, Anupam Agarwal.
Com Inf: Metrópoles | Foto: Reprodução/UAB
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