Sete deputados terminam campanha com dívidas no Paraná
- 26/11/2018
O número de deputados federais
eleitos pelo Paraná que iniciarão a próxima legislatura (2019-2022) endividados
cresceu nas eleições de 2018 comparado com o pleito anterior. Em 2014, foram
quatro deputados eleitos que fecharam as contas de campanha com dívidas. Já
neste ano, sete parlamentares ficaram no vermelho, um crescimento de 75%.
Como 2018 foi o primeiro ano em
que a campanha eleitoral não contou com financiamento de empresas, os políticos
se viram obrigados a restringir os gastos, que tiveram queda de 26,5% (passando
de R$ 49.477.076,96 em 2014 para R$ 36.371.233,33 em 2018). As receitas para
campanha, por sua vez, caíram 24,1% (de R$ 49.221.728,45 para R$
37.369.341,40).
Isso tudo explica porque os
futuros deputados federais tiveram menor gasto por voto nestas eleições do que
na anterior. Há quatro anos, os candidatos eleitos investiram R$ 13,81 para
cada voto que receberam, em média. Já neste ano, o valor foi de R$ 11,27, o que
dá uma diferença de 18,4%.
Mas apesar do maior número de
parlamentares que terminaram o pleito endividados e dos gastos mais restritos,
quando considerada a diferença entre despesas e receitas das 30 campanhas
vitoriosas nas eleições para a Câmara dos Deputados no Paraná temos um saldo
positivo (sobra) de R$ 998.108,07, enquanto na eleição anterior os deputados
federais fecharam a campanha com dívidas que somavam R$ 255.348,51, ao todo.
Isso se explica pelo fato de que
em 2014 os candidatos gastaram a maior parte dos valores que arrecadaram, tanto
que a maior sobra de campanha na ocasião foi de Sergio Souza (PMDB), com R$
2,77 mil, e 11 parlamentares declararam ter gasto tudo o que receberam.
Já neste ano, três parlamentares
fecharam o pleito com saldo positivo acima de R$ 300 mil. Foram eles: Vermelho
(PSD), com R$ 367 mil de sobra; Leandre (PV), com R$ 334 mil; Luisa Canziani
(PTB), com R$ 300 mil. Pela legislação eleitoral, esses valores devem ser repassados
aos respectivos partidos.
Nos três casos, a principal fonte
de recursos para as campanhas foi o fundo partidário, responsável por 90,2% dos
recursos da campanha de Leandre (que arrecadou um total de R$ 1,22 milhão), 97%
das verbas de Canziani (que somou R$ 2,3 milhões) e 100% do montante juntado
por Vermelho (R$ 500 mil).
Considerando-se as 30
candidaturas vencedoras, temos que 80,7% do total arrecadado veio do fundo partidário
e de repasses das siglas aos candidatos; 12,3% da doação de pessoas físicas;
6,3% de recursos próprios; 0,6% de doações de outros candidatos; e 0,1% de
campanhas de financiamento coletivo.
Ranking
Os deputados que apresentaram
maior gasto por voto conquistado foram Luiz Nishimori (PR) e Toninho Wandscheer
(PROS). O primeiro precisou desembolsar R$ 33,12 em campanha para cada voto
conquistado, tendo gasto R$ 2,43 milhões numa campanha que ainda teve sobras de
R$ 1,65 mil. Já Wandscheer gastou R$ 27,99 por voto e, ao todo, desembolsou R$
2,03 milhões.
Enquanto Nishimori arrecadou
verbas principalmente pelo fundo partidário (R$ 2 milhões) e doações de pessoas
físicas (R$ 430 mil), o ex-prefeito de Fazenda Rio Grande foi o deputado eleito
que mais gastou recursos próprios na campanha: R$ 1,47 milhão, o equivalente a
43,6 salários de um parlamentar, considerando-se o valor atual de R$ 33.763
(que pode subir ano que vem, caso o salário dos ministros do STF sejam
reajustados).
Mais votados gastaram menos
Se Luiz Nishimori e Toninho
Wandscheer fizeram duas das campanhas mais caras e tiveram um desempenho
medíocre no pleito (com 73.344 e 72.475 votos, respectivamente, aparecendo na
25ª e 26ª posição entre os 30 eleitos), curiosamente os dois deputados mais votados
em 2018 foram também os que menos gastaram na campanha: Sargento Fahur (PSD) e
Felipe Francischini (PSL).
Surfando na onda militarista que
tem como grande referência o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL-RJ), Fahur e
Francischini conseguiram se eleger gastando R$ 0,67 e R$ 0,52 por voto,
respectivamente. Enquanto o primeiro foi o candidato mais votado no pleito, com
315 mil votos, o segundo veio logo atrás, com 241 mil. Além disso, as duas
campanhas foram das mais baratas entre os parlamentares eleitos (R$ 210 mil e
R$ 125 mil). Apenas Aline Sleitjes (PSL) investiu menos na campanha (R$ 90
mil), mas ainda assim gastou mais proporcionalmente (R$ 2,66 por voto).
Fahur chegou perto do político
paranaense recordista em votos Ratinho Junior, que fez 358,9 mil votos para a
Câmara em 2010. Com atuação em Maringá (região Noroeste), ele virou hit da
internet com frases como “quer fumar essa porcaria, vai fumar no inferno”,
“depois que ‘enfinco’ a mão na cara de um vagabundo desse eu respondo processo”
e “pra mim foi até bom que ele fugiu porque senão eu ia quebrar a cara dele e
ia dar problema para mim”. As frases, na maioria, foram ditas em entrevistas às
redes de TV locais.
A campanha de Fahur não utilizou recursos do fundo eleitoral, sendo que R$ 150 mil foram repassados pelo diretório nacional do PSD, fruto de doações, e R$ 60 mil do próprio bolso, de acordo com a declaração ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O maior dos repasses do partido, de R$ 100 mil, veio do empresário José Carlos Valente Pontes, dono do Grupo Marquise, do setor de construção civil, imobiliário e de serviços.
Bem Paraná
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