Nova leva de médicos cubanos sai de Brasília rumo a Havana
- 24/11/2018
Uma nova leva de médicos cubanos regressou
ao seu país na noite de hoje (23) saindo do Aeroporto de Brasília rumo a
Havana. A operação de retorno dos profissionais que atuavam no programa Mais
Médicos por meio de um acordo de cooperação celebrado entre a Organização
Panamericana de Saúde (OPAS) e Ministério da Saúde teve início ontem (22), com
dois voos saindo da capital.
Hoje, pouco mais de 30
profissionais embarcaram de volta à terra natal. Amanhã (24), novos voos sairão
levando outros integrantes do programa. A expectativa da OPAS é que a operação
de regresso dure até o dia 12 de dezembro. Os profissionais estão deixando os
municípios onde estavam para embarcar em voos em três cidades além de Brasília:
Manaus, Salvador e São Paulo.
A volta dos mais de 8 mil
trabalhadores e o encerramento do acordo com o Brasil para atuação no Mais
Médicos foi uma decisão do governo cubano depois de declarações do presidente
eleito Jair Bolsonaro chamando-os de escravos da administração socialista e
dizendo que alteraria as regras do programa.
Bolsonaro disse que instituiria
novas obrigações, como o repasse da remuneração total aos profissionais (sem
retenção de parte pelo governo cubano, como ocorria até então) e a realização
do teste de validação de diploma Revalida (exame que permite a médicos estrangeiros
trabalhar no Brasil).
Retorno
Diferentemente de ontem, quando
os médicos chegaram com antecedência ao Aeroporto de Brasília, hoje o grupo só
apareceu para o embarque perto da hora do voo. Eugênio D´espanha era um dos
médicos correndo para não perder a viagem. Ele chegou em 2016 para trabalhar no
município de Santa Terezinha, em Mato Grosso.
Eugênio disse que gostou muito da
experiência no Brasil. “Foi ótima, trabalhei com saúde indígena”, relatou.
Perguntado sobre o sentimento ao voltar para Cuba, afirmou que a situação é
“difícil”, mas que “não há o que fazer”. Ao regressar, vai continuar atuando
como médico no país natal. “Ninguém perde a vaga. Continuaremos com nossos
postos lá”, completou.
Damian Hernandez também estava
entre os que se preparavam para a volta, entre malas e pacotes com os pertences
trazidos e adquiridos no Brasil. Ela chegou ao Brasil em 2016 e foi encaminhada
para ser médica de família em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.
A profissional também avaliou
positivamente o tempo no Brasil e diz ter conhecido muitas pessoas, sem
qualquer tipo de tratamento discriminatório. Quanto à necessidade de voltar,
demonstrou tristeza, mas disse não haver escolha frente a decisão do governo
cubano. “Nós temos que voltar”, disse, de maneira resumida.
Substituição
Após a decisão do governo cubano,
o Ministério da Saúde abriu novo edital com o objetivo de contratar novos
médicos e repor as vagas. As inscrições tiveram início na quarta-feira (21) em
meio a um receio pelas possibilidades de prejuízos no atendimento da população.
Segundo levantamento do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde,
cerca de 300 municípios tinham equipes de saúde da família dependentes de
médicos cubanos.
Em comunicado divulgado no fim da
tarde de hoje, o Ministério da Saúde informou que 92% das vagas do edital já
haviam sido preenchidas. As inscrições continuarão até o dia 7 de dezembro. Do
total de 17.519 pedidos efetivados, 7.871 já estão alocados nos municípios para
atuação imediata. Os profissionais têm até o dia 14 de dezembro para se
apresentar. Nova leva de médicos cubanos sai de Brasília rumo a Havana
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