“Uma migalha nos foi oferecida", afirmam Guarani sobre acordo para terras no Oeste
- 28/03/2025
Foto - William Brisida - Itaipu Binacional
Texto: Por assessoria de Comunicação do Cimi
“Apesar do presidente Lula, da ministra Sonia Guajajara e do diretor da Itaipu Enio Verri terem declarado publicamente que Itaipu e o governo reconhecem a dívida histórica com o povo Ava Guarani, na prática se repetem os erros do passado”, ressalta a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) em nota pública divulgada após o acordo parcial com a Itaipu Binacional. Na última segunda-feira (24), o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou um acordo determinando que a Binacional realize a compra de 3 mil hectares para os Avá-Guarani no Paraná, como forma de reparação histórica pela construção da usina hidrelétrica na década de 70.
Além de inundar milhares de hectares e deixar submersos espaços sagrados, locais de cultivo e as casas de várias famílias, a construção da usina durante a ditadura militar expulsou várias comunidades indígenas e vitimou incontáveis indígenas que lutavam por seus territórios. Entretanto, por décadas a empresa se negou a reconhecer e reparar os danos causados ao povo Avá-Guarani, chegando a usar a tese do marco temporal em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, como justificativa para buscar reintegrações de posse contra as retomadas Curva Guarani, Tekoha Pyahu e Yva Renda, do povo Avá-Guarani, no oeste do Paraná.
“É muito pouco o que pedimos perto do que nos causaram e perto do poder econômico, financeiro e político de Itaipu e do Estado brasileiro”
Na nota pública, a CGY relembra o processo de luta pelo território e a violência sofrida pelo povo Avá-Guarani, e reafirma que apenas a devolução integral das terras tradicionalmente ocupadas encerraria a questão. “[…] após ouvirmos da Itaipu Binacional que a empresa estava pronta para reconhecer a dívida histórica com nosso povo, esperávamos um acordo na justiça com a real dimensão dos danos causados ao território Avá-Guarani. Mas apenas uma migalha nos foi oferecida. Uma migalha que para quem tem, literalmente, uma arma apontada para a cabeça, fica impossível dizer não”.
A comissão se compromete a seguir firme até que seja feita uma verdadeira reparação histórica.
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