Potencial de produção de biogás corresponde ao dobro do volume de gás que Brasil importa da Bolívia

  • 27/02/2020

O potencial de biogás do Brasil País corresponde a até duas vezes o volume médio de gás natural importado da Bolívia em 2018. O dado integra o Plano Nacional de Energia Elétrica (PDE) 2029, divulgado no último dia 11 de fevereiro. A ideia é utilizar o combustível para substituir o diesel, além de misturar o insumo ao gás natural fóssil na malha de gasodutos.

O cenário de referência do governo estima investimentos de R$ 1,575 bilhão até 2029 em termelétricas a biomassa, com 30 megawatts (MW) contratados por ano entre 2023 e 2029, totalizando 210 MW. O maior potencial, segundo o documento, está nos resíduos do setor sucroenergético, com a biodigestão do bagaço da cana-de-açúcar, resíduos animais e urbanos.

“Temos que entender a matriz energética brasileira dentro das características regionais que temos. Não adianta fazer biogás no Nordeste, onde não temos pecuária, assim como colocar uma eólica onde não tem vento. Nosso plano contempla essas características”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Se no Brasil essa tecnologia está começando a aumentar sua presença na matriz energética, na Europa, já são 17,5 mil plantas que produzem energia a partir do biogás.

A Alemanha lidera o ranking, com quase 10 mil empreendimentos. O avanço se deu em meio aos conflitos entre Rússia e Ucrânia pelo gás, a partir de 2009, que cortaram o fornecimento para o país – até então, 40% do gás que abastecia os alemães chegava por esse caminho.

Outra possibilidade de uso do biogás é na indústria de transportes. O tratamento e refino do biogás gera o biometano, combustível que funciona como substituto do gás natural e pode, inclusive, ser injetado em gasodutos.

O potencial de biometano disponível no País, considerando agropecuária, indústria sucroenergética, resíduos e efluentes seria suficiente para substituir 70% do volume de diesel consumido no Brasil.

Em Itaipu, a frota de veículos já é abastecida com esse combustível. Na unidade de tratamento da empresa, os resíduos produzem 200 metros cúbicos de biometano por dia.

O País tem hoje oito empreendimentos que produzem biometano – dois são aterros sanitários. Em média, uma tonelada de resíduos orgânicos gera 75 metros cúbicos de biogás, que, tratados, se tornam 38 metros cúbicos de biometano.

Mesmo depois de fechados por 16 anos, os aterros sanitários continuam gerando biometanos, afirma o diretor de Desenvolvimento Tecnológico do CBiogás, Felipe Marques.

A indústria já acredita no potencial do combustível. A Scania deve começar a entregar os primeiros caminhões movidos a GNV, GNL e biometano em abril. Os primeiros tratores movidos a biometano da New Holland também chegam ao mercado neste ano.

Reportagem: Anne Warth/Estadão Conteúdo | KIKO SIERICH/ESTADÃO

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