Estudo observa controle do percevejo-marrom na soja
- 10/05/2019
O percevejo-marrom é considerado uma das grandes pragas que ataca a cultura da soja. Atinge altos índices populacionais e se alimenta diretamente dos grãos, transmitindo doenças e reduzindo a qualidade da semente. A espécie ocorre de forma frequente em regiões neotropicais, o que desencadeia muitas aplicações de inseticidas para evitar as perdas na lavoura.
Pensando neste cenário uma pesquisa realizada no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas (LabMIP), da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas (RS) buscou estabelecer os critérios para a escolha de inseticidas no manejo integrado do percervejo-marrom na soja e preservação do controle biológico natural.
O controle químico com inseticidas de amplo espectro como organofosforados, piretroides e neonicotinoides é o método mais usado. Porém o uso constante traz problemas como resíduos nos alimentos, intoxicação de aplicadores, aparecimento de populações de insetos resistentes, ressurgência e desequilíbrio populacional dos insetos benéficos, que funcionam como agentes de controle natural. Para o Engenheiro Agrônomo e um dos autores do estudo, Juliano Pazini, a sustentabilidade na lavoura de soja depende de estratégias como o controle biológico e agrotóxicos seletivos.
“Os parasitoides de ovos são considerados os principais inimigos naturais de percevejos. Por exemplo, somente na cultura da soja é relatado o emprego de parasitoides de ovos de percevejos em 0,03 milhão de hectares na América do Sul em programas de controle biológico. Telenomus podisi é o parasitoide mais eficiente de ovos do percevejo-marrom e percevejo verde-pequeno, que são as espécies mais prejudiciais aos cultivos de soja no Brasil. No Brasil, T. podisi é encontrado nas principais regiões produtoras de soja, do Centro-Oeste ao extremo Sul”, esclarece.
Apesar de o controle biológico ser de elevada importância para o manejo integrado de pragas (MIP), por possibilitar a manutenção das populações de pragas abaixo de níveis de dano econômico, o controle químico é essencial para o controle efetivo e rápido não somente de percevejos como de outros organismos daninhos na cultura da soja. Em vista disso, agrotóxicos que sejam eficazes contra pragas e minimamente tóxicos a inimigos naturais devem ser preferidos. “Salientamos que a escolha de inseticidas para o controle de pragas em programas de MIP não deve se basear apenas na eficiência agronômica (eficiência do produto no controle de pragas), mas também no menor impacto sobre os inimigos naturais. No entanto, até o momento, informações sobre a seletividade de inseticidas tem sido desconsideradas na seleção de agrotóxicos para o controle de pragas agrícolas no Brasil, visto que essas informações não se encontram facilmente acessíveis aos agricultores, como na bula/rótulo dos produtos ou mesmo no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)”, completa Pazini.
O estudo determinou os impactos de inseticidas tradicionalmente empregados em cultivos de soja no Brasil. Foi avaliada a toxicidade letal sobre o percevejo-marrom e seu parasitoide T. podisi, de cinco formulações comerciais de inseticidas registrados para o controle na cultura da soja e amplamente empregados no manejo de percevejos na cultura e observado o quociente de risco desses compostos químicos. O impacto maior foi sobre os adultos que se mostraram mais sensíveis aos agrotóxicos.
Pazini conclui que “com os resultados desse estudo, ficou evidente que a toxicidade aguda letal e os efeitos subletais de acefato, imidacloprido, zeta-cipermetrina, acetamiprido + fenpropatrina e tiametoxam + lambda-cialotrina mostraram-se, de certo modo, elevados ao parasitoide de ovos, sendo importante o emprego desses inseticidas para o controle do percevejo-marrom somente em densidade populacional causadoras de dano econômico na cultura da soja, como estratégia de preservação dos parasitoides no agroecossistema. No âmbito do MIP em soja, as informações obtidas nesse estudo apresentam-se como uma etapa importante e pioneira na identificação de inseticidas preferenciais para o controle efetivo em lavouras de soja brasileiras com menor risco sobre organismos benéficos, como o parasitoide T. podisi”, acrescenta.
A pesquisa foi coordenada pelo professor Titular Dr. Anderson Dionei Grützmacher, no LabMIP, referência no estudo da seletividade de agrotóxicos a inimigos naturais no sul do Brasil, recebendo estudantes de graduação, mestrado e doutorado de todo o mundo. O estudo contou com a colaboração de Juliano Pazini, Aline Padilha, Deise Cagliari, Flávio Bueno, Matheus Rakes, Moisés Zotti, José Martins e Anderson Grützmacher.
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