Bonat assume Lava Jato com missão de julgar Lula e Richa
- 06/03/2019
A partir desta Quarta-Feira de
Cinzas, quando o juiz Luiz Antonio Bonat, de 64 anos, voltar das férias para e
assumir a 13ª Vara Federal de Curitiba no lugar do agora ministro Sérgio Moro,
a movimentação dos processos relacionados à operação Lava Jato ganhará um ritmo
bem mais intenso do que o do início do ano até agora.
Depois de Moro, que angariou
amplo apoio para a investigação de corrupção e lavagem de dinheiro, a chefia da
operação passará a um julgador com 25 anos de carreira, considerado duro nas
sentenças, mas de atuação técnica moldada na máquina judicial e marcada pela
discrição.
"Ele é um juiz dedicado ao
Poder Judiciário, experiente na área criminal, altamente competente e muito
rigoroso, no sentido de atentar para os termos da lei", disse ao Estadão a
juíza Vera Lúcia Feil Ponciano, titular da 6ª Vara Federal em Curitiba,
especializada crimes do comércio exterior. A colega destaca a experiência
criminal acumulada por Bonat ao atuar na tríplice fronteira do Brasil com
Argentina e Paraguai, onde encarou a 1ª Vara Federal de Foz do Iguaçu,
considerada uma pedreira do Judiciário pelo tipo de enrosco criminal da região.
De volta à capital, nos últimos
tempos Bonat vinha julgando causas do direito previdenciário na 21ª Vara
Federal. E servia também - pela sua condição de juiz mais antigo no TRF-4
(Tribunal Regional Federal da 4ª Região) - de curinga para ausências de
superiores. Ficou no ofício de janeiro até 19 de fevereiro, mesmo já tendo sido
oficializado como sucessor de Moro, função na qual terá uma carga pesada de
processos.
"É um juiz muito atento à
legalidade e que respeita muito a instituição", observou o ex-juiz Luiz
Flávio Gomes, atualmente deputado federal pelo PSB-SP. "O ponto-chave é a
imparcialidade dele, porque vai decidir e lidar com políticos. Toda decisão
será politizada", acrescentou. "Mas ele está muito preparado para a
Lava Jato e temos muita expectativa de que ele cumpra a legalidade",
afirmou.
Fila de processos
A lista de causas em andamento
chega a 2.145, entre ações penais, pedidos de prisão, de habeas corpus e outros
procedimentos judiciais. Como titular, ele terá de encarar cerca de 1,7 mil
dessas pendengas, entre elas as da Lava Jato. Um levantamento da força-tarefa
do Ministério Público Federal, atualizado em 15 de fevereiro, mostrava que o
balanço era de 88 acusações criminais contra 420 pessoas, sendo que em 49 delas
já houve sentenças nos crimes de corrupção, crimes contra o sistema financeiro
internacional, tráfico de drogas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Restavam, portanto, 39 processos da Lava Jato para julgamento.
Entre os figurões investigados, o
novo chefe da Lava Jato terá na sua responsabilidade, por exemplo, a denúncia
de desvios no Instituto Lula envolvendo o ex-presidente. O petista está preso
em Curitiba, já com duas condenações - por Moro, no caso do triplex do Guarujá,
e por Gabriela Hardt (que o substituiu provisoriamente), no caso do sítio de
Atibaia. O ex-governador Beto Richa
(PSDB) e o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB) também estão na lista.
Propina
E nesta terça-feira a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, traz a informação de que a concessionária de pedágio Rodonorte vai firmar acordo com a Lava Jato e reconhecer o pagamento de propina no Paraná. Um ex-motorista da presidência da empresa revelou, em depoimento, que entregou malas de dinheiro no Palácio Iguaçu e também no Tribunal de Contas do Estado. É mais uma complicação para o ex-governador Beto Richa.
Alerta Paraná
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