Paraná organiza cadeia para liderar produção de hidrogênio renovável no Brasil
- 04/05/2023
O Paraná está se organizando para liderar a produção
nacional de hidrogênio renovável, considerado o “combustível do futuro” por ser
obtido a partir de fontes renováveis e com baixa emissão de carbono. Nesta
quarta-feira (3), o governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciou uma série
de medidas para criar uma política integrada de fomento à produção, pesquisa e
uso do insumo no Estado.
Ele participou da abertura do 1º Fórum de Hidrogênio
Renovável (H2) do Paraná, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e anunciou a
criação do Programa de Energia Verde no Estado; a desoneração tributária da
cadeia produtiva do insumo; linhas de crédito que somam R$ 500 milhões para
fomentar investimentos no setor; assinou a resolução que cria o Descomplica
H2R, que estabelece critérios para licenciamento ambiental do combustível; e
sancionou a lei que cria a Política Estadual do Hidrogênio Renovável .
Também foi formalizada, na ocasião, uma cooperação
técnico-científica entre a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior, a Fundação Araucária e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar)
para a elaboração de projetos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e
produção e inovação industrial no campo do hidrogênio renovável.
“Somos líderes na produção de energia renovável no País e
agora queremos sair na frente na discussão sobre hidrogênio verde, criando um
ambiente favorável para atrair investimentos dessa cadeia para o Estado”,
afirmou Ratinho Junior. “Temos plenas condições liderar esse processo e ser
grande um fornecedor de energia para a Europa e outros países. O hidrogênio
utiliza como matéria-prima a água, que temos em abundância no Paraná”.
Com esse pacote e um trabalho que envolve diversos segmentos
do Estado, salientou o governador, o Paraná busca criar um ambiente seguro e
competitivo para a atração de investimentos no setor. “O Estado está organizado
legalmente para que a cadeia produtiva possa ser colocada à disposição da
sociedade, para atrair investidores de todo o planeta, que buscam segurança
jurídica e incentivos para os investimentos”, disse.
Além disso, o Paraná também deve ganhar uma planta
industrial para a produção de hidrogênio renovável. A Invest Paraná, agência de
atração de investimentos do Estado, assinou um protocolo de intenções com a
Sengi Solar, empresa pertencente ao Grupo Tangipar, para a implantação de uma
fábrica, que também vai produzir oxigênio. O investimento previsto é de R$ 50
milhões.
“Há uma corrida mundial pelo hidrogênio verde por conta do processo de transição energética, para reduzir o uso de combustíveis fósseis. E o Paraná quer liderar esse processo, porque temos tradição na produção de energia limpa”, afirmou o secretário estadual do Planejamento, Guto Silva. “O Estado ocupa uma posição estratégica e está se organizando para atrair esse mercado, com arcabouço legal, desoneração da cadeia tributária, financiamento e pesquisa”.
O QUE É – Também chamado de hidrogênio verde, o insumo pode ser obtido a partir da separação das moléculas de hidrogênio e oxigênio da água, em um processo chamado eletrólise, ou mesmo separando as moléculas de hidrogênio presentes no biometano.
Com isso, a produção do hidrogênio renovável pode vir de
diferentes fontes, como o lodo de esgoto, dejetos de animais, biomassa, usinas
hidrelétricas de diferentes portes, solares e eólicas. Para ser considerado
renovável, é preciso que as fontes utilizadas para a sua obtenção também sejam
renováveis, com baixa ou nenhuma emissão de carbono.
“Esse processo de separação da molécula permite que o
hidrogênio seja estocado e comprimido como um gás, que é muito utilizado na
indústria pesada, na aviação civil, em grandes embarcações ou mesmo em
automóveis”, explicou Guto Silva. “Além da produção do hidrogênio, a partir
desse processo há também a possibilidade de produzir fertilizantes verdes, como
amônia e ureia, mercado que o Paraná também pode se tornar competitivo”.
PACOTE DE MEDIDAS – Dentro do pacote anunciado pelo
governador, está a implementação do Programa de Energia Verde no Estado do Paraná,
com o objetivo de promover a produção e uso de energias renováveis e
sustentáveis, em especial o hidrogênio verde, como forma de estimular o
desenvolvimento econômico e social do Estado. A medida também prevê a busca
incentivos fiscais junto ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz)
para estimular o desenvolvimento do setor no Estado.
Para reduzir a burocracia e facilitar a implantação de
empreendimentos no setor, também está sendo criado o Descomplica H2R, nos
mesmos moldes do Descomplica Energias Renováveis. A resolução estabelece
critérios e procedimentos para o licenciamento ambiental de empreendimentos
para a produção de hidrogênio renovável.
Outro ponto é o incentivo econômico a empresas do setor. O
Sistema Paranaense de Fomento, formado pela Fomento Paraná e pelo Banco
Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), deve disponibilizar R$ 500
milhões por ano para financiar a cadeia produtiva. Serão R$ 300 milhões da
linha BRDE Energia Sustentável e R$ 200 milhões da Fomento para projetos de
investimento e capital de giro.
Na linha da pesquisa e desenvolvimento, a Seti, Fundação
Araucária e Tecpar terão uma cooperação técnico-científica para o
desenvolvimento de programas, projetos e atividades de pesquisa, ensino,
desenvolvimento tecnológico, produção e inovação industrial no campo do
hidrogênio renovável de baixo carbono.
Já a lei que cria a Política Estadual do Hidrogênio
Renovável, aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa do Paraná, tem
o objetivo de aumentar a participação do hidrogênio renovável na matriz
energética do Estado, estimulando o uso do insumo em suas diversas aplicações,
em especial como fonte de energia e produção de fertilizantes agrícolas.
O texto afirma que o Estado pode firmar convênios com instituições públicas e privadas e financiar pesquisas e projetos que visem o desenvolvimento tecnológico e à redução de custos de sistemas de energia a base de hidrogênio renovável; e à capacitação de recursos humanos para a elaboração, a instalação e a manutenção de projetos de sistemas de energia a base de hidrogênio renovável. Também estimula o uso de hidrogênio renovável no transporte público, na indústria e na agricultura.
FÓRUM – O fórum é promovido pelo Governo do Estado e
organizado pela Secretaria de Planejamento, Invest Paraná, Copel, Sanepar e
Parque Tecnológico de Itaipu (PTI). O evento traz uma série de discussões e
painéis temáticos para tratar de produção, competitividade, inovação e demandas
de longo prazo.
Com o tema “Acelerando a economia do hidrogênio no Paraná:
transição energética e neutralidade de CO2”, o evento reúne especialistas da
indústria, academia e formuladores de políticas para discutir e elaborar
estratégias práticas e efetivas para o desenvolvimento da produção e uso dessa
energia renovável no Estado.
A partir das discussões do fórum e com base na Política
Estadual do Hidrogênio Renovável, o Estado pretende estruturar o Plano de
Hidrogênio Verde do Paraná, com a contratação do serviço de assessoria
especializada na área que dará subsídios técnicos para elaboração de uma
proposta comercialmente viável.
O plano deve contar com um diagnóstico do cenário atual do
Estado frente ao mercado de H2 verde e diretrizes gerais; estudos para
estruturação do plano estadual para este mercado; sugestões de incentivos governamentais
para desenvolver a área, relatório final e proposta de implantação do Plano de
Estruturação do Mercado de H2 Verde no Paraná.
Com Inf: AEN |Foto: Roberto Dziura Jr
Ficou sabendo de algo? Envie sua notícia no WhatsApp Xeretando (45)99824-7874
0 Comentários