Violência nas escolas: estados definem protocolos de combate
- 17/04/2023
Governos estaduais divulgaram na última semana protocolos de
ações para combater ameaças à comunidade escolar.
Em geral, a partir das características e estruturas de cada
unidade federativa, foi proposto que as secretarias atuem de forma integrada
também com os órgãos de inteligência As alternativas incluem, por exemplo,
ampliação do policiamento escolar, telefones para denúncia e até medidas como o
"botão do pânico".
Por outro lado, professores chamam a atenção para o fato de
que é necessário aperfeiçoar medidas protetivas, e que as secretarias atuem em
rede.
Diretora do Sindicato dos Professores de Escolas Públicas do
Distrito Federal, Luciana Custódio afirma que é preciso evitar militarização de
escolas, que tem se mostrado ineficiente. “Temos múltiplas realidades: escolas
com estrutura e outras sem condições, em comunidades desassistidas. É preciso
que a escola seja, de fato, um ambiente de paz.”
Nas administrações estaduais, o fluxo que deve ser seguido
para dar agilidade às denúncias foi pormenorizado para que as reações contra a
violência sejam mais rápidas.
Confira propostas do DF e de nove estados
São Paulo
Em São Paulo, o governo do estado anunciou a contratação
(temporária) de 550 psicólogos para atendimento nas escolas estaduais, além de
mil vigilantes de empresas de segurança privada que vão trabalhar nas unidades,
desarmados. Nessas contratações serão gastos R$ 240 milhões.
Segundo o governo paulista, cada psicólogo deverá atuar em,
ao menos 10 escolas, e fazer uma visita por semana em cada colégio. Quanto à
vigilância privada, o objetivo é que o segurança esteja todos os dias nas
unidades.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, o governo estadual criou o Comitê
Permanente de Segurança Escolar, com representantes da segurança pública e da
Secretaria da Educação para atuar na prevenção às situações de violência nas
escolas públicas e privadas.
Também foi apresentado pela Polícia Militar (PM) o
aplicativo Rede Escola, inspirado no Rede Mulher. A ferramenta, que deve entrar
em operação em até dois meses, vai conectar diretamente os profissionais da
rede de ensino à Polícia Militar.
A PM destacou o reforço da patrulha escolar e a criação do
aplicativo Rede Escola, que já está em fase de implantação. “Uma ação
desenvolvida pela secretaria e em fase de conclusão é o treinamento de
gerenciamento de crise e protocolos de segurança para os profissionais da
educação”, informou o secretário de Polícia Militar, coronel Henrique Pires.
Quanto às ameaças, a secretaria tem um protocolo contra
ameaças implementado em todas as 1.549 escolas.
Distrito Federal
No Distrito Federal (DF), o governo anunciou, na semana
passada, um conjunto de medidas para prevenção da violência e reforço da
segurança para as 1.624 escolas e creches das redes pública e privada, além de
faculdades e universidades.O reforço inclui aumento no efetivo policial, com a
participação de vigilantes.
Outra ação é a ampliação do monitoramento de perfis em redes
sociais com histórico de apologia à violência e também investigação de
postagens da deep web (área da internet não encontrada pelas ferramentas de
busca, o que é aproveitado para compartilhamento de conteúdo ilegal).
“O efetivo do batalhão escolar da PM está sendo aumentado
para estar presente na grande maioria das unidades do DF”, disse o secretário
Sandro Avelar, conforme divulgou a agência de comunicação do governo local.
Mato Grosso do Sul
O governo de Mato Grosso do Sul anunciou reforço da ronda
policial nas escolas, com viaturas e helicópteros, ampliação do monitoramento
com novas câmeras e um dispositivo chamado de “botão do pânico” para eventuais
emergências.
Para usar corretamente o dispositivo, os profissionais da
educação passarão por treinamento e capacitação. As ações são consideradas
preventivas e terão parceria com iniciativas como o Programa Educacional de
Resistência às Drogas e a Violência (Proerd) e os projetos Bom de Bola, Bom na
Escola, Projeto Florestinha e Bombeiros do Amanhã.
Outra ação é ampliação de câmeras de vigilância 24 horas por
dia nas 348 escolas estaduais do estado. Outra ação foi o lançamento do Núcleo
de Inteligência e Segurança Escolar, que será um espaço dentro da Central de
Monitoramento das Escolas com policiais que vão acompanhar as investigações. O
treinamento para professores em casos de necessidade de evacuação da escola vai
ser intensificado, informou o governo.
Pernambuco
Em Pernambuco, o governo anunciou a ativação de um número de
telefone exclusivo para emergências escolares (197). A finalidade é que
professores, alunos, pais ou qualquer pessoa que tenha conhecimento de ameaças
possa acionar a segurança pública. As informações terão sigilo garantido.
A Secretaria de Segurança Pública enfatizou que a
comunicação com as famílias é primordial para o combate à violência nas
escolas. Dentre as resoluções contidas no protocolo estadual, está prevista o
treinamento dos profissionais como caminho de prevenção, além de ampliação do
policiamento escolar. Os trabalhos incluem ainda o videomonitoramento, reforço
da patrulha escolar e criação de uma central de monitoramento.
Bahia
A Segurança Pública da Bahia divulgou também um canal para
comunicação de possíveis ameaças (reais ou falsas). O número disponibilizado é
o 181. O governo informou que as informações serão tratadas de maneira
emergencial pela Superintendência de Inteligência e repassadas para as forças
policiais
Os trabalhos preveem ainda a intensificação do patrulhamento
especializado da Ronda Escolar e das unidades da Polícia Militar. As ações de
inteligência e investigação da Polícia Civil têm apoio da Coordenação de
Inteligência Cibernética (Cyberlab).
Segundo a Assessoria de Comunicação do governo estadual, o
delegado Delmar Bittencourt, coordenador do Laboratório de Inteligência
Cibernética da Polícia Civil, garantiu que haverá compartilhamento de dados com
outros estados.
Ceará
A Segurança Pública do Ceará anunciou que, além das ações de
vigilância nas cercanias das escolas, tem investido em ações de inteligência
contra desinformação e perfis que espalham ameaças.
O governo usa monitoramento realizado pela Coordenadoria de
Inteligência. Um dos resultados é que entre 3 e 11 de abril foram identificados
18 perfis em mídias sociais que relataram ameaças.
As denúncias podem ser encaminhadas para o número 181 ou
para o (85) 3101-0181.
Pará
O governo do Pará informou que vai enviar à Assembleia
Legislativa do estado um projeto de lei (PL) para instituir o Programa Escola
Segura e criar o Núcleo de Segurança Pública e Proteção Escola.
De acordo com o governo, o projeto viabilizará o
monitoramento por câmeras de segurança nas escolas, o fortalecimento da ronda
escolar nos 144 municípios do estado e a definição de protocolos de segurança,
com participação de psicólogos e assistentes sociais.
Segundo o governo, o foco é o desenvolvimento de ambientes
seguros e harmônicos, com agentes públicos treinados para melhor atender
alunos, familiares, a comunidade e equipes escolares.
Amazonas
O governo do Amazonas informou que trabalha na elaboração de
projetos para aderir ao edital de chamamento público do Ministério da Justiça e
Segurança Pública para o Programa Nacional de Segurança nas Escolas.
De acordo com o governo estadual, as ações de segurança já
estão sendo fortalecidas, com iniciativas nas escolas do Departamento de
Prevenção à Violência em parceria com a Secretaria de Educação.
Rio Grande do Sul
O governo do Rio Grande do Sul anunciou a intensificação do
policiamento nas proximidades das escolas e o monitoramento dos chamados grupos
de ódio.
Segundo o governo gaúcho, o reforço policial será mantido
pelo tempo que for necessário para tranquilizar a população quanto à segurança
de alunos, professores e demais profissionais da educação.
O estado também vai promover ações de comunicação para
orientar sobre os canais oficiais para denúncias: o telefone 190, para
situações de emergência, e telefone 181 para denúncias. Não há necessidade de
identificação do autor, e os canais funcionam 24 horas.
Com Inf: EBC | Foto: Fernando Frazão
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