Com legislação rígida e investimento, Paraná alcança nível mais alto da qualidade do ar
- 10/04/2023
No Paraná o ar é mais puro. De acordo com o Índice da
Qualidade do Ar (IQar), estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
em uma régua em que menos é mais, o Estado passou de 24 pontos em 2019 para
19,7 pontos em 2022. Com isso, ganhou a chancela de um ar bom, o nível mais
alto da classificação e um dos melhores indicadores entre os poucos estados do
País que fazem a medição qualitativa do ar.
Pureza que é resultado de um combo de ações, que incluem
legislação rígida, fiscalização e investimento em tecnologia. Esse é o exemplo
desta semana da série “Paraná, o Brasil que dá certo”.
“O importante é a busca do desenvolvimento sustentável. Nós
temos os empreendimentos industriais que geram emissões atmosféricas, mas como
aqui no Paraná são devidamente licenciados existe uma imposição de controle
para essas atividades", afirma Everton Souza, diretor-presidente do
Instituto Água e Terra (IAT), órgão vinculado à Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Sustentável (Sedest).
No licenciamento, acrescenta ele, são minimizados os
impactos desses gases gerados, o que garante uma qualidade do ar cada vez
maior. “O instituto é referência em licenciamento ambiental, um trabalho
técnico que ajuda a gerar renda aos paranaenses com a instalação desses
empreendimentos no nosso Estado. Isso com o controle e diminuição dos danos
causados ao meio ambiente”, explica.
A escala de valores segue critérios estabelecidos pela Resolução
do Conama nº 491/2018, definidos pela OMS, revelando os níveis mais seguros à
saúde humana para exposição de curto prazo, conforme a publicação Air Quality
Guidelines Global Update 2005. A interpretação dos indicadores pode variar
entre boa (0 a 40 IQar), regular (de 40 a 96), inadequada (acima de 96 a 144),
ruim (maior que 144 até 200) e péssima (superior que 200).
Atualmente, apenas 11 estados (Bahia, Espírito Santo, Goiás,
Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina e São Paulo) e o Distrito Federal monitoram e fiscalizam as
emissões de gases e partículas no ar no Brasil.
Como não há padrão nem uma métrica unificada entre as
unidades federativas, fica impossível estabelecer um ranking nacional de
qualidade do ar. Goiás e Distrito Federal, por exemplo, nem sequer monitoram os
principais poluentes de forma automática: material particulado (MP10 e MP2,5),
ozônio (O3), dióxido de enxofre (SO2) e monóxido de carbono (CO).
Para o diretor de Licenciamento e Outorga do IAT, José
Volnei Bisognin, esse resultado é fruto do pioneirismo paranaense que, desde a
década de 1980, atua e investe no controle e monitoramento das emissões de
gases e partículas poluentes no ar.
“O IAT é um dos órgãos que participou da elaboração do Guia
Nacional da Qualidade do Ar, o qual estabelece métodos de referência para o
monitoramento. Tudo isso demonstra o comprometimento do Estado com o
desenvolvimento urbano aliado à qualidade de vida e à evolução tecnológica”,
destacou ele.
O agente de execução e membro da equipe de Gerenciamento da
Qualidade do Ar do IAT, João Carlos de Oliveira, explicou que as 11 estações de
monitoramento existentes no Paraná emitem dados em tempo real, de minuto a
minuto. Aparelhos instalados de acordo com a concentração de indústrias, refinarias,
volume de veículos e atividades humanas. São duas em Curitiba (na Cidade
Industrial e na Praça Ouvidor Pardinho), além de Cascavel, Araucária (duas no
CSN e uma na Refinaria Presidente Getúlio Vargas-Repar), duas em Ponta Grossa e
duas em São Mateus do Sul, na Petrosix (Unidade de Industrialização do Xisto da
Petrobras).
A Estação de Monitoramento e Qualidade do Ar da Ouvidor
Pardinho, por exemplo, é histórica. Foi a primeira a ser instalada no Paraná,
em 2001, e está numa região com grande fluxo de carros, pedestres e pessoas que
buscam a Unidade de Saúde da região. “Com essa tecnologia é possível
acompanhar, mesmo a distância, todas as estações”, disse.
O monitoramento em tempo real permite que, em casos
críticos, a equipe do IAT seja alertada imediatamente e consiga agir com
rapidez e segurança para resolução do problema. “Reunimos estes e outros dados,
disponíveis no Sistema de Gestão Ambiental (SGA) do IAT, para orientar a nossa
equipe. Tudo com base em dados e evidências locais”, afirmou Oliveira.
De acordo com ele, os parâmetros monitorados atualmente no
Paraná são: Partículas Totais em Suspensão (PTS), Partículas Inaláveis (MP10),
Partículas Respiráveis (MP2,5), Dióxido de Enxofre (SO2), Monóxido de Carbono
(CO), Ozônio (O3) e Dióxido de nitrogênio (NO2). “As condições climáticas como
a estiagem, frio intenso ou chuvas em excesso também podem impactar na
variabilidade destes indicadores”, reforçou o técnico.
MAIS INVESTIMENTOS – Melhoria da qualidade do ar e
monitoramento adequado que seguem recebendo investimento do Governo do Estado
para manter o protagonismo do Paraná. Bisognin revelou que o IAT vai aplicar na
área R$ 15,8 milhões até o fim deste ano, com recursos financiados pelo Banco
Mundial. O valor será destinado para instalação de novas estações de
monitoramento fixas e atualizações das existentes.
Em média, o custo de instalação de cada central é de R$ 800
mil, com uma vida útil estimada de dez anos. “Conseguimos fazer as aquisições
ou as manutenções dos aparelhos por meio da conversão de multas ambientais,
além de próprio equipamento do IAT”, disse.
A mais nova aquisição tecnológica chegou nesta terça-feira
(4). O equipamento se chama BAM-1022, e é um analisador portátil, com
tecnologia norte-americana. Após a fase de testes, a equipe do Setor de
Gerenciamento da Qualidade do Ar irá utilizar o aparelho para fiscalizar os
índices do ar em diferentes pontos do Estado, graças à portabilidade do
medidor.
NO BRASIL – Qualquer pessoa pode ter acesso e acompanhar as
medições nas estações de monitoramento espalhadas pelo País. Para isso, basta
acessar este site ou baixar o aplicativo da plataforma MonitorAr, sistema
criado e coordenado pelo o Ministério do Meio Ambiente.
O MonitorAr é atualizado em tempo real e permite navegação
em mapa interativo, com informações precisas dos 12 estados do Brasil
vinculados ao programa. O sistema permite aplicação de filtros por estados,
cidades e proximidade geográfica. Atualmente o Brasil possui 168 unidades de
monitoramento ativas.
SAÚDE – Dados epidemiológicos globais da OMS demonstram que
a má qualidade do ar e a exposição aos poluentes atmosféricos refletem no
aumento dos casos de morbidade e mortalidade, causados por problemas
respiratórios e cardiovasculares, principalmente para grupos de risco como
crianças, idosos, pessoas com a imunidade vulnerável e portadores de doenças
respiratórias preexistentes.
Há ainda os custos de atendimentos, medicamentos e
internações, decorrentes da poluição do ar que impactam nos cofres públicos.
Além disso, a poluição atmosférica também pode causar prejuízos estruturais
decorrente das chuvas ácidas.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a gestão da
qualidade do ar tem como objetivo garantir que o desenvolvimento socioeconômico
ocorra de forma sustentável e ambientalmente segura. Para tanto, se fazem
necessárias ações de prevenção, combate e redução das emissões de poluentes e
dos efeitos da degradação do ambiente atmosférico. Lição que o Paraná aprendeu
há mais de 40 anos.
SÉRIE – “Paraná, o Brasil que dá certo” é uma série de
reportagens da Agência Estadual de Notícias. São apresentadas iniciativas da
administração pública estadual que são referência para o Brasil em suas áreas.
Com Inf: AEN | Foto: Gilson Abreu
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