Temer avisa que está pronto para encerrar intervenção e votar PEC da Previdência
- 25/10/2018
Está madura no Palácio do
Planalto a ação para tentar aprovar ainda este ano a reforma da Previdência.
Vai depender, nas palavras do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun,
da vontade do presidente eleito no próximo domingo (28).
"Segundo o ministro, o
presidente Michel Temer já conversou com os militares e está acordado que a
intervenção federal do Exército no Rio de Janeiro será suspensa para
possibilitar a votação do texto da Previdência, se assim desejar Jair Bolsonaro
(PSL) ou Fernando Haddad (PT). A Constituição veda mudanças no texto
constitucional – caso de uma reforma previdenciária – durante vigência de
intervenção federal.
"Gostaríamos de ver essa
reforma aprovada. É imprescindível para o país. Com uma sinalização positiva do
eleito, a chance de o texto passar será reforçada. Não adianta esperar sinais.
É preciso que quem for eleito expresse com clareza seu pensamento. Sem apoio do
novo presidente, uma questão com a envergadura de uma reforma da Previdência,
não se aprova. Nem desejaríamos isso. Será preciso a manifestação do eleito
para se avançar", disse Marun, que integrará a equipe de transição pelo
lado do governo.
A PEC da reforma da Previdência
hoje está parada na Câmara dos Deputados. "Estamos dispostos inclusive a
suspender a intervenção, apesar do êxito que está tendo. O presidente Temer já deu
esse aviso aos militares".
Projetos na fila para aprovação
O presidente quer aprovar alguns
projetos no Congresso Nacional antes de passar a faixa para seu sucessor. Uma
reunião de cinco ministros na terça-feira (23) no Planalto, inclusive da área
econômica, definiram as propostas prioritárias que vão tramitar nas duas Casas.
No Senado: o Marco das
Telecomunicações, a cessão onerosa do pré-sal e o distrato na compra de
imóveis. Na Câmara: ampliação do capital estrangeiro sobre empresa aérea, a Lei
de Licitações, o Cadastro Positivo e plano de recuperação de empresas estatais.
A primeira ação do governo logo após o resultado da eleição é tocar as medidas
provisórias do Programa Automotivo Rota 2030 e a do Marco do Saneamento.
"Dá para fazer muita coisa
boa ainda. E se tivermos o apoio do presidente eleito, melhor ainda. Vai
facilitar nosso trabalho. Não dá para tapar o sol com a peneira. Se o eleito
tiver interesse, pode até facilitar nosso trabalho. Todos são importantes. Não é
que sejam imprescindíveis para o governo, mas para o país".
O ministro faz uma defesa
enfática da gestão Temer e, mesmo sendo eleitor declarado de Jair Bolsonaro,
afirmou que a população logo sentirá saudades do atual governo. "Em breve
tempo, todos teremos saudades do governo Temer. É impopular em função de uma
lavagem cerebral que se impôs à população brasileira".
Quase candidato
Para ele, o ex-ministro da Fazenda
Henrique Meirelles, do MDB, não defendeu o governo na sua campanha para
presidente da República. Marun disse que Meirelles candidatou-se "apenas
para valorizar sua biografia". O ministro contou ainda que foi avaliada
hipótese de ser ele o candidato, e que a eleição, dado seu acirramento, estava
a seu feitio. Mas Temer o preferiu no Planalto, disse.
"Era uma eleição para
fortes. Tinha uma série de bons candidatos, como o Alckmin, o Amoêdo, a Marina,
o próprio Meirelles. Mais são mais amenos, e foram engolidos. Não os estou
chamando de fracos. Mas essa era uma disputa para um candidato sem receio de
contendas".
Marun diz ter muitas afinidades
com Bolsonaro e cita propostas em comum como a defesa da redução da maioridade
penal, de facilitar o porte de arma e contra a "libertinagem" nas
TVs. Mas o ministro critica sua ideia de política externa, em especial a
aproximação com Israel. Marun é um sobrenome árabe.
"Tenho divergência sobre
essa devoção dele a Israel. Não é compatível com quem vai ser presidente. No
Brasil, árabes e judeus convivem há muito tempo em harmonia. E não tem razão de
importar essa guerra para cá. É um erro absurdo".
Do lado certo (ou errado) da história
Carlos Marun é um deputado de primeiro mandato, eleito pelo MDB do Mato Grosso do Sul. Não tentou a reeleição. Assumiu funções nesse período que o desgastaram, como a defesa implacável do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, foi um dos líderes do movimento que afastou a ex-presidente Dilma Rousseff e também esteve na linha de frente da defesa do presidente Temer nas duas denúncias da Procuradoria-Geral da República, que acusou o presidente por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de justiça. "Faria tudo de novo. A mesma defesa de Cunha com os mesmos argumentos.
Gazeta do Povo
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