TRF4 suspende ordens de despejos de indígenas em Santa Helena solicitados pela Itaipu
- 15/10/2018
O Tribunal Regional da 4ª Região
(TRF4) suspendeu duas ordens de despejos contra comunidades Avá-Guarani no
Oeste do Paraná que haviam sido autorizadas pela Justiça Federal de Foz do
Iguaçu. Os pedidos de reintegração de posse contra o Tekoha Pyau e Tekoha Curva
Guarani, no município de Santa Helena, atendiam pedidos da Itaipu Binacional.
A alegação da Itaipu para
solicitar as reintegrações é que as ocupações estão em áreas de preservação
ambiental. Os despejos atingiriam 20 famílias indígenas que não teriam outro
local para ir. Em relação ao Tekoha Curva Guarani, o despacho da Justiça
Federal confrontava outra determinação do TRF4, que já tinham apontado que a
reintegração só poderia acontecer após a Fundação Nacional do Índio (Funai)
indicar uma nova área para os Guarani. Algo que até o momento não aconteceu.
Já o Tekoha Pyau é uma das áreas
em Santa Helena que aguarda a regularização fundiária conforme decisão judicial
de novembro de 2017 em ação civil pública proferida pelo Juiz Rony Ferreira, da
2ª Vara Federal de Foz do Iguaçu, que apontou a necessidade de regularização e
ampliação da área em prol das famílias Avá-Guarani.
O Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), de Foz do Iguaçu, acompanha a situação das famílias que
estão ameaçadas de despejos.
O Observatório da Temática
Indígena da América Latina (OBIAL), no âmbito do Instituto Mercosul de Estudos
Avançados (IMEA) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana,
manifestou sua preocupação com relação as ações de reintegração de posse.
“É de notório conhecimento as
violações de direitos sofridas pela população Guarani ao longo da segunda
metade do século XX quando suas terras foram roubadas pelo processo de
colonização com a conivência e colaboração do Estado brasileiro. Também é
conhecimento geral que os últimos Tekoha situados nas margens do rio Paraná e
seus afluentes ficaram submersos pelo fechamento das comportas da represa
Itaipu Binacional”, aponta o observatório.
No comunicado, o OBIAL espera que
Itaipu Binacional reveja sua posição e atue por meio de dialogo, buscando
equacionar o grave problema fundiário que afeta o povo Guarani. “Da mesa
maneira, espera-se que o Estado brasileiro faça cumprir a Constituição Federal e
a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho e devolvas as terras
aos Guarani”, conclui a nota.
Porém.net
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