Fronteira melhora alguns indicadores, mas ainda tem cenário preocupante
- 13/10/2018
Se no Brasil como um todo os
indicadores de segurança pública e educação já são preocupantes, nas cidades de
fronteira o panorama é ainda mais alarmante. É o que aponta um estudo realizado
pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf) em
32 cidades gêmeas – designação dada pelo governo federal àqueles municípios que
estão “colados” aos de outros países – e também na cidade de Cáceres, no Mato
Grosso. No caso do Paraná, foram avaliadas Foz do Iguaçu, Barracão, Santo
Antônio do Sudoeste e Guaíra.
Além de segurança e educação,
outros dois eixos foram considerados no estudo: saúde e economia regional, que
considera índices de emprego e renda. O Idesf não produz os indicadores para
cada eixo, mas considera dados secundários fornecidos pelo próprio governo
federal. Na segurança, o resultado de Guaíra é pior do que em países
considerados como os mais violentos do mundo pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), como Honduras e Venezuela – que têm índices de 55,5 e 49,2 homicídios a
cada 100 mil pessoas, respectivamente. A taxa no município de Guaíra, por sua
vez, era de 64,06 em 2016, ano com dados mais recentes fornecidos pelo
departamento de informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).
O número já foi pior: em 2014,
quando o primeiro diagnóstico do Idesf foi realizado, a taxa de homicídios em
Guaíra era de 79,78. Mesmo que seja alarmante, a situação no município
paranaense ainda é melhor do que a registrada em outras cidades gêmeas do país.
Em Paranhos, no Mato Grosso do Sul, o índice de homicídios em 2016 era de
109,7.
Foz puxa desempenho melhor
Os acidentes de trânsito também
acontecem em alto número nos municípios considerados no estudo. Guaíra, mais
uma vez, apresenta pior desempenho nesse quesito entre os municípios
paranaenses, com taxa de 33,55 acidentes a cada 100 mil habitantes. Foz do
Iguaçu (20,46) e Barracão (19,47) estão mais próximos da média brasileira, de
17,3, enquanto Santo Antônio do Sudoeste também possui índice alto (29,91).
“Os índices estão muito
relacionados ao contrabando, que acaba colocando as pessoas em risco. Diminuir
a evasão escolar e aumentar as possibilidades de emprego e renda é fundamental
para mudar esse cenário”, diz Luciano Stremel Barros, presidente do Idesf.
Apesar dos indicadores ainda
ruins, Foz do Iguaçu é uma das cidades gêmeas que vem apresentando melhoras em
indicadores importantes. O município apresentou mais autonomia financeira em
2018, além de um Produto Interno Bruto (PIB) mais elevado e melhores índices de
emprego. A evasão escolar também diminuiu. No caso do Ensino Médio houve queda
mais significativa, de 9,7% para 7,4%, segundo dados do Ministério da Educação.
Os outros municípios paranaenses acompanharam a queda na evasão, com maior queda em Santo Antônio do Sudoeste no Ensino Médio, onde a taxa caiu de 21% para 13,6%. “O Paraná acabou melhorando seus índices de fronteira principalmente por conta do desempenho de Foz. Se houver um trabalho focado na educação e na melhoria de condições regionais, os índices de segurança vão diminuir”, afirma Barros.
Gazeta do Povo
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