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Arlequina prova: a regra nos filmes da DC é não seguir regras

06/02/2020

Os filmes de heróis da DC Comics (Superman, Batman, Mulher-Maravilha, etc) mostram uma coisa: a regra na DC é não ter regra. Depois dos fiascos (de crítica) ‘Batman vs Superman’, ‘Liga da Justiça’ e ‘Esquadrão Suicida’, o estúdio decidiu deixar o Superman de lado e fazer um reboot do Batman com o crepuscular Robert Pattinson no papel do morcegão. Enquanto isso, apostas recaem em outros heróis, como Mulher-Maravilha (ela vai ganhar outro filme ainda neste ano), Aquaman e Shazam. O problemwa é que ‘Esquadrão Suicida’, que tinha todos os elementos para ser implodido e esquecido – incluindo o ator Jared Leto como o pior Coringa da história –, também tinha a Arlequina, vivida por Margot Robbie. Era a única coisa que se salvava naquele filme. E ela se salvou mesmo: ganhou um filme só dela. Ou melhor, para ela brincar com as amigas: ‘Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa’, que estreia nesta quinta-feira (6) em Curitiba.

Nos quadrinhos, ‘Aves de Rapina’ é uma série que mistura a Canário Negro, a Caçadora e a ex-Batgirl Barbara Gordon, presa a uma cadeira de rodas após ter levado um tiro do Coringa. Barbara aqui é a Oráculo e fica atrás dos computadores, enquanto as outras duas se encarregam do trabalho de campo. Outras heroínas chegaram a se juntar ao grupo, como a Lady Falcão, e até heróis homens ocasionalmente aparecem, como Robin e Asa Noturna.

Mas a regra na DC é não ter regra. Assim, no cinema, é a Arlequina quem inicia a formação do grupo. É uma junção do útil – aproveitar a personagem – com o mais útil – fazer outro filme lucrativo – e o mais útil ainda – fomentar personagens fortes e interessantes num universo predominantemente masculino, o dos heróis de quadrinhos/filmes.

No filme, Arlequina explica como largou o relacionamento com o “pudinzinho” Coringa. E seu destino se cruza com outras personagens de Gotham City, como Renee Montoya (Rosie Perez), detetive que é ferrada pelos colegas dentro da corporação. Ou Dinah Lance, a Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), cantora de inferninho que é usada como motorista e guarda-costas pelo mafioso Roman Sionis (Ewan McGregor). Ou Helena Bertinelli (Mary Elizabeth Winstead), que usa o codinome Caçadora e sai matando mafiosos para vingar a morte de sua família. Ou a ladrazinha de rua Cassandra Cain (Ella Jay Basco), que se envolve sem querer em algo maior do que pode imaginar (nos quadrinhos, todas aparecem em histórias do Batman). Tudo em meio a uma perseguição frenética promovida pelo vilão Roman (o Máscara Negra) e seu comparsa, Victor Zsasz (Chris Messina)

Numa trama cheia de relações de causa e efeito, é a Arlequina quem conta a história – inclusive com a ruptura da “quarta parede” (como em ‘Deadpool’). E é ela quem junta as outras em uma situação-limite. O que une o bando, na verdade, é algo que todas viram, ou vivenciaram, ou as duas coisas: a violência contra a mulher. O tempo todo, elas são humilhadas, espancadas, agredidas, quase estupradas, quase mortas. Isso faz com que cada tiro ou soco que uma delas dá em um homem ajude a lavar um pedacinho de alma.

E a Batgirl, por que não está em ‘Aves de Rapina’? Segundo a Warner, está em projeto um filme-solo da heroína. “A Batgirl receberá muito amor no futuro da DC nos cinemas” chegou a declarar a roteirista Gail Simone. E seria a Batgirl a eventual ponte entre as Aves de Rapina e o Batman. Isso é, se a DC Comics resolver quebrar a regra de não seguir regras e voltar a pensar em universo expandido.