Moro nega relação entre investigação de 'laranjas' do PSL e 'caixa 2' de Bolsonaro

  • 07/10/2019

O ministro da Justiça e da Segurança, Sergio Moro, publicou nota nas redes sociais contestando reportagem publicado pelo jornal Folha de São Paulo de hoje, apontando que um depoimento dado à Polícia Federal e uma planilha apreendida em uma gráfica sugerem que dinheiro do esquema de candidatas laranjas do PSL em Minas Gerais foi desviado para abastecer, por meio de caixa dois, as campanhas do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ambos filiados ao partido. Na nota, Moro nega que Bolsonaro seja investigado no caso, sinalizando ter acesso às informações do inquérito sigiloso da Polícia Federal.

Segundo o ministro, Bolsonaro “fez a campanha presidencial mais barata da história. Manchete da Folha de São Paulo de hoje não reflete a realidade”. De acordo com o texto do ministro, “nem o delegado, nem o Ministerio Público, que atuam com independência, viram algo contra o PR neste inquérito de Minas”.

Em resposta às afirmações de Moro, a Folha afirmou que a reportagem é baseada em depoimento de um ex-assessor do ministro do Turismo à PF e em uma planilha apreendida nas investigações, e que em nenhum momento o jornal atribui conclusões sobre o assunto aos investigadores. A Folha lembra ainda que em junho, Bolsonaro afirmou ter recebido informações do ministro da Justiça sobre a investigação em curso. Na ocasião, o ministério chegou a admitir que Moro repassou dados ao presidente, mas depois mudou a versão, dizendo que só trataram do que havia sido divulgado pela imprensa.


Planilha - De acordo com a reportagem, Haissander Souza de Paula, assessor parlamentar de Álvaro Antônio à época e coordenador de sua campanha a deputado federal no Vale do Rio Doce (MG), disse em seu depoimento à PF que "acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro".


Em uma planilha, nomeada como "MarceloAlvaro.xlsx", há referência ao fornecimento de material eleitoral para a campanha de Bolsonaro com a A Folha revelou, em reportagens publicadas desde o início de fevereiro, a existência de um esquema de desvio de verbas públicas de campanha do PSL em 2018, que destinou para fins diversos recursos que, por lei, deveriam ser aplicados em candidaturas femininas do partido. Álvaro Antônio, deputado federal mais votado em Minas Gerais, foi coordenador no estado da campanha presidencial de Bolsonaro. O ministro foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais na última sexta (04) sob acusação dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa —com pena de cinco, seis e três anos de cadeia, respectivamente. Ele nega irregularidades.


Haissander foi preso por cinco dias no final de junho, ao lado de outros dois investigados —entre eles um atual assessor de Álvaro Antônio no Turismo—, e jamais havia reconhecido, até então, a existência de fraude no uso das verbas públicas do PSL durante a campanha de 2018. No depoimento em que aponta suspeitas de caixa dois —que é a movimentação de dinheiro de campanha sem declaração à Justiça— na campanha de Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro, Haissander afirma ainda que "com certeza Lilian não gastou os R$ 65 mil recebidos". A declaração se refere a Lilian Bernardino, uma das quatro candidatas laranjas reveladas pela Folha. As mulheres, apesar de figurarem no topo das que nacionalmente mais receberam verba pública do PSL, não apresentaram sinais evidentes de que tenham realizado campanha. As quatro, juntas, receberam um total de R$ 279 mil de verba pública do partido e alcançaram apenas 2.074 votos. Parte desse dinheiro foi parar em empresas ligadas ao gabinete do hoje ministro.


Lilian, formalmente, disputou uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas, mas, apesar de haver registro de repasse de R$ 65 mil em recursos públicos do PSL para ela, obteve apenas 196 votos. O depoimento de Haissander, que integra os autos da investigação, foi dado nove horas depois de ele ser preso, no dia 27 de junho. A demora ocorreu devido à espera por um advogado, que não chegou a tempo. No interrogatório de custódia, o ex-assessor afirmou que não confirmava as declarações que havia dado anteriormente. A defesa tentou invalidar o primeiro depoimento, mas a Justiça negou o pedido, argumentando que "todas as garantias constitucionais e legais restaram asseguradas, dentre elas a prévia ciência de permanecer em silêncio".


Com inf,Redação Bem Paraná com informações do Uol | Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

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