Isadora Williams disputa final da patinação nos Jogos de Inverno

  • 22/02/2018

Após uma apresentação sem falhas graves nas eliminatórias da patinação artística nos Jogos de Inverno de Pyeongchang, Coreia do Sul, Isadora Williams respirou aliviada. Na memória vinham as lembranças de quatro anos atrás, na Olimpíada de Sochi, quando ficou na 30.ª e última colocação. “É a redenção da minha carreira. Tive um peso enorme nas costas, agora acabou. Me sinto mais leve. Meu objetivo de Sochi eu fiz aqui”, disse, bastante emocionada.

Aliás, emoção foi a tônica de sua apresentação, ao som da música Hallelujah, de Leonard Cohen e cantada por K. D. Lang. Ela obteve a nota 55,74, a maior de sua carreira e bem acima da nota 40,37 de Sochi. “Estou muito feliz. Eu queria fazer essa apresentação perfeita, melhor que em Sochi. É um sonho fazer um programa limpo em uma Olimpíada”, afirmou.

Nesta quinta-feira, a partir das 22h, ela volta a competir. E espera fazer bonito novamente. “Não tenho controle sobre o que as outras atletas vão fazer, mas tenho controle sobre o que eu vou fazer. Eu quero fazer um programa com os sete saltos e todas as piruetas sem erros. Eu gosto da música, será um tango, muito sexy”, disse, lembrando que vai patinar ao som de Nyah, de Hans Zimmer.

Entre as 30 competidoras, Isadora ficou na 17.ª posição e pela primeira vez classificou o Brasil para a fase final da patinação artística, um feito para um país que não tem tradição na modalidade por causa de suas características tropicais. “É um orgulho representar o Brasil no programa longo, será a primeira vez que isso ocorrerá. Em Sochi eu não qualifiquei, mas agora vou mostrar um programa mais forte do que este.”

Aos 22 anos, a patinadora nasceu nos Estados Unidos, mas escolheu representar o Brasil por causa de sua mãe, Alexa, nascida em Minas Gerais. Ela, o pai e sua irmã estão na Coreia do Sul na torcida. “Foi emocionante e dramático. E divertido também. Estava muito nervosa, mas tinha confiança porque estava treinando bem”, contou a garota, que ouviu músicas de Anitta antes de competir.

O crescimento de Isadora veio também por uma mudança na preparação. Ela deixou a Virgínia e foi para Nova Jersey treinar sob o comando de Igor Lukanin e Kristen Fraser, treinadores e ex-patinadores que competiram pelo Azerbaijão nos Jogos de Inverno de 2002 e 2006. Agora ela espera melhorar ainda mais na fase final. “Eu prefiro o programa longo, pois tem espaço de fazer as coisas.”

Logo após sua apresentação, seu nome passou a ser muito buscado no Google. As pessoas queriam saber quando Isadora vai competir novamente e detalhes sobre sua vida. A modalidade tem sido uma das que ocupam mais espaço na programação da televisão, por causa da beleza dos movimentos das patinadoras.

Outro detalhe relevante do feito da brasileira foi que ela ficou à frente de patinadoras de países de muita tradição nos esportes de inverno, como a belga Lorena Hendrickx, a suíça Alexia Paganini e a francesa Maé-Bérénice Méité, todas com boas colocações no último Campeonato Europeu, em janeiro. “A competição é muito forte e agora eu tenho memórias olímpicas melhores. Foi um sonho.”

ESTADÃO

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