Caixa suspende repasses de recursos das loterias ao comitê olímpico
- 09/04/2019
A Caixa Econômica Federal informou na noite desta segunda-feira (8) que
suspendeu os repasses ao Comitê Olímpico do Brasil (COB) dos recursos oriundos
das loterias federais, destinados diariamente pela estatal à entidade em
cumprimento da Lei Agnelo/Piva (LAP).
Esses recursos são a principal fonte de financiamento do comitê, que os
repassa a confederações responsáveis pelos esportes olímpicos no Brasil. Neste
ano, o COB estima arrecadar R$ 20,8 milhões por mês dessa fonte.
A suspensão, segundo a Caixa, vale até que a entidade regularize um
débito relativo a créditos tributários no valor de R$ 191 milhões.
A decisão era esperada desde sexta (5), quando venceu a Certidão de
Registro Cadastral do COB, que permitia ao comitê receber os recursos das
loterias.
O COB entrou com um pedido de renovação do documento na Secretaria
Especial do Esporte do governo federal no dia 2 de abril, e o prazo para que a
pasta conclua a análise é de 20 dias.
Para renovar o certificado, porém, é necessário apresentar a Certidão
Negativa de Débito emitida pela Receita Federal, o que atualmente não é
possível para o comitê, já que ele se encontra no polo passivo de uma dívida
tributária de mais de R$ 190 milhões da extinta Confederação Brasileira de Vela
e Motor.
Atolada em dívidas, essa entidade passou por uma intervenção do COB de
2007 a 2012, antes de uma nova confederação de vela, a CBVela, ser criada do
zero e assumir a gestão do esporte no Brasil.
Tanto o COB quanto a CBVela são apontados pela Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional (PGFN) como responsáveis pelas dívidas da extinta confederação.
"As teses da PGFN foram refutadas por diversos juízes e
desembargadores, mas ainda há um processo pendente de julgamento perante o
Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que impacta a renovação da CND do
COB", afirmou o comitê em nota.
No entendimento do COB, porém, isso não deveria ser motivo para ficar
sem o repasse das verbas da Lei Piva, por essas se tratarem de um recurso
previsto na legislação, e não decorrente de convênios com órgãos públicos, os
chamados repasses voluntários.
"Apesar da certeza de que a ausência de CND não afeta os repasses da LAP, o COB está envidando todos os esforços para ser retirado do polo passivo de tais execuções fiscais e mantém-se na certeza de que o esporte brasileiro não sofrerá interrupção no fluxo de tais repasses", disse o comitê na sexta.
O COB ainda não se manifestou sobre o comunicado da Caixa.
BemParaná
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