Pacheco quer prudência sobre eventual pedido de impeachment de Alexandre de Moraes
- 26/08/2024
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse nesta
sexta-feira (23) que vai agir com muita prudência para avaliar eventual pedido
de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF). Ao falar a jornalistas em Belo Horizonte, após receber homenagem
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Pacheco disse que a questão não
pode ser pautada em “lacração de rede social, em engajamento de rede social, no
desequilíbrio e em medidas de ruptura”.
Um grupo de parlamentares no Senado e na Câmara se mobilizou
para pedir a abertura de um processo de impedimento de Moraes depois da
publicação de uma série de reportagens do jornal Folha de S. Paulo, que
mostrou a troca de mensagens entre assessores do ministro no STF e o setor de
combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral quando ele presidia o
TSE. As informações colhidas pelo TSE teriam sido abusivas, segundo os
parlamentares, e abastecido inquéritos contra os invasores das sedes dos três
Poderes em 8 de janeiro de 2023.
— Como presidente do Senado Federal depois de 3 anos e sete
meses, vou ter muita prudência em relação a esse tipo de tema para não permitir
que esse país vire uma esculhambação de quem quer acabar com ele. Tenho
responsabilidade com meu cargo, tenho responsabilidade com a democracia, tenho
responsabilidade com o estado democrático de direito, tenho responsabilidade
com o equilíbrio do Brasil. E qualquer medida drástica de ruptura entre Poderes
nesse momento afeta a economia do Brasil, afeta a inflação, afeta o dólar,
afeta o desemprego, afeta o nosso desenvolvimento — afirmou.
Pacheco disse estar tranquilo para decidir a questão e
lembrou que, em 2021, negou um pedido semelhante feito contra Moraes pelo então
presidente da República, Jair Bolsonaro. Na ocasião, o presidente do
Senado negou o pedido por não enxergar viabilidade jurídica nem política no
processo.
— Uma coisa que não me falta é decência e caráter de
poder decidir com justiça aquilo que me chegar pra decidir — disse.
O presidente do Senado também reagiu às pressões que vem
sofrendo de parlamentares sobre o assunto. Ele enfatizou que o Judiciário tem
de agir dentro dos limites constitucionais e ressaltou, neste sentido, que
defendeu e aprovou no Senado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/2021,
que limita as decisões monocráticas (individuais) no Supremo. Mas apontou a
necessidade de agir com responsabilidade em relação ao país.
— É incrível que estes mesmos que agora pedem o
impeachment de um ministro do Supremo Tribunal Federal se calaram durante oito
meses depois de eu ter aprovado no Senado essa PEC das decisões monocráticas do
Supremo. Como se pretendessem não a solução do problema de limitar poderes
institucionais, mas a lacração de rede social, o engajamento de rede social,
pautada no desequilíbrio e em medidas de ruptura.
Sobre a possibilidade de haver a anulação de inquéritos
conduzidos pelo STF contra os invasores dos três Poderes, Pacheco disse ser
difícil avaliar, a partir de uma matéria de jornal, se há elementos suficientes
para haver a nulidade de provas. Ele apontou que esse julgamento cabe ao Ministério
Público e ao Judiciário.
— Nunca vou abrir mão de exigir o devido processo legal, o
contraditório, a ampla defesa. Por outro lado, há muito pouco tempo estávamos
enfrentando o 8 de janeiro, em que pessoas invadiram a sede dos três Poderes,
pretendiam intervenção militar, invocavam o AI-5 [Ato Institucional no 5], que
gerou no Brasil uma excepcionalidade muito grande, e pretendiam inclusive
sacrificar, prender, autoridades públicas nesse golpe de estado que desenhavam
e ensaiavam.
Compromisso com a educação
Rodrigo Pacheco foi homenageado nesta sexta por seu apoio ao
longo dos últimos anos à UFMG. Também obteve reconhecimento do Fórum das
Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (FORIPES) em
razão de seu empenho na destinação de emendas a instituições de ensino do
estado.
Após o evento, na entrevista coletiva, o senador disse que
poderá ajudar na negociação entre as instituições de ensino e o governo federal
para destravar os orçamentos das universidades, contingenciados com o objetivo
de reduzir as despesas da União e melhorar o equilíbrio das contas
públicas.
— Avisei ao presidente Lula ontem [22], em um evento de
que participamos no STJ [Superior Tribunal de Justiça], que viria a Minas
Gerais para esse encontro com as universidades federais. E que gostaria de
tratar com ele a respeito disso porque a educação deve ser concebida como uma
prioridade nacional.
Com Inf: Agência Senado | Foto: Jefferson Rudy/Agência
Senado
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