Focos de incêndio no Pantanal estão sob investigação da PF, diz ministra
- 03/07/2024
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina
Silva, afirmou nesta segunda-feira (1º) que a Polícia Federal (PF) investiga de
18 a 19 focos de incêndio no Pantanal, “para determinar a autoria”. Segundo a
ministra, a ação humana é o que tem causado a maior devastação já registrada no
bioma.
“O que nós estamos identificando é que 85% dos incêndios que
temos hoje estão ocorrendo em propriedades privadas. A história de que pode ser
raio, descarga de raio, não é [verdadeira]. É por ação humana”, destacou a
ministra em entrevista a jornalistas, no Palácio do Planalto, após a terceira
reunião da sala de situação criada pelo governo federal para enfrentar a crise
ambiental no Pantanal.
Com base em informações enviadas por órgãos ambientais, como
o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Marina
Silva disse que as autoridades policiais estão apurando as circunstâncias dos
incêndios, que podem ser considerados criminosos. Ela classificou a situação
vivida pelo Pantanal de desoladora.
“O que tem de concreto é que nós sabemos quais são os focos,
de onde surgiu a propagação [do fogo]. Nós trabalhamos com tecnologia altamente
avançada, que não permite que haja falha em relação aonde aconteceu esses
focos”, observou.
“A gente não faz esse julgamento a priori, espera que a
Justiça faça esse indiciamento, aí nós vamos verificar quem são os proprietários,
quais são as fazendas, se foi um processo culposo ou doloso”, completou.
Seca severa e incêndios
O Pantanal já vive uma estiagem severa, com escassez hídrica
em toda a bacia. Historicamente, a escalada de incêndios acontece em agosto,
mas dezenas de grandes focos foram registradas este mês. Até o momento, segundo
balanço da ministra, mais de 3,8 mil focos de calor foram notificados no
Pantanal. Mais de 700 mil hectares do bioma foram consumidos pelas chamas.
Por causa disso, os esforços de combate aos incêndios foram
antecipados este ano. E, de acordo com o Ibama, a falta de chuvas na região
está atípica há pelo menos seis anos.
Maior área úmida contínua do planeta, o Pantanal registrou,
no acumulado dos últimos 12 meses, 9.014 ocorrências de focos de fogo, quase
sete vezes mais que os 1.298 registrados pelo sistema no mesmo período do ano
passado. Os dados são do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe). Além do maior volume de queimadas, chama a atenção
a antecipação do problema, que nos anos anteriores só foi intensificado a
partir de agosto.
Ações em andamento
Instalada há duas semanas, a sala de situação foi criada para tratar sobre a seca e o combate a incêndios no país, especialmente no Pantanal e na Amazônia. O grupo interministerial é comandado pela Casa Civil da Presidência, com coordenação executiva do Ministério do Meio Ambiente e participação dos ministérios da Integração e do Desenvolvimento Regional, da Defesa e da Justiça e Segurança Pública.
Na última sexta-feira (28), as ministras Marina Silva e
Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) fizeram um sobrevoo sobre o Pantanal,
na região de Corumbá (MS), um dos epicentros dos incêndios.
Para o combate às queimadas, já são mais de 250 agentes
federais atuando, incluindo brigadistas e agentes da Força Nacional, que devem
ficar por pelo menos 60 dias na região.
Na semana passada, o governo federal anunciou a liberação de
R$ 100 milhões para ações do Ibama e do ICMBio no bioma. O governo do estado de
Mato Grosso do Sul também reconheceu situação de emergência em municípios
afetados pelas queimadas na região, o que facilita a liberação de recursos e
flexibiliza contratações públicas para compra de equipamentos, mobilização de
equipes e outras ações de enfrentamento à crise.
O governo federal montou duas bases, uma em Corumbá, e outra
na altura do km 100 da Rodovia Transpantaneira, segundo Marina Silva, para
abrigar equipes, concentrar as ações logísticas e realizar o monitoramento e
acompanhamento dos focos de incêndio.
Canal Rural | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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