Câmara pauta urgência de projeto que equipara aborto ao homicídio
- 06/06/2024
Está na pauta do plenário da Câmara dos Deputados desta
quarta-feira (5) o pedido de urgência para o Projeto de Lei nº 1.904/2024 que
equipara o aborto realizado acima de 22 semanas de gestação ao homicídio
simples, aumentando de dez para 20 anos a pena máxima para quem realizar o
procedimento.
Além disso, o texto fixa em 22 semanas de gestação o prazo
máximo para abortos legais. Hoje em dia a lei permite o aborto nos casos de
estupro; de risco de vida à mulher e de anencefalia fetal (quando não há
formação do cérebro do feto). Atualmente, não há no Código Penal um prazo
máximo para o aborto legal.
De autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL/RJ),
o texto conta com a assinatura de 32 parlamentares. Caso o pedido de urgência
seja aprovado, o texto pode ser apreciado no Plenário à qualquer momento, sem
necessidade de passar pelas comissões da casa, o que agiliza a tramitação da
medida.
Atualmente, o aborto não previsto em lei é punido com penas
que variam de um aos três anos, quando provocado pela gestante ou com seu
consentimento, e de três a dez anos, quando feito sem o consentimento da
gestante. Caso o projeto seja aprovado, a pena máxima para esses casos passa a
ser de 20 anos nos casos de cometido acima das 22 semanas, igual do homicídio
simples previsto no artigo 121 do Código Penal.
Ao justificar o projeto, o deputado Sóstenes sustentou que
“como o Código Penal não estabelece limites máximos de idade gestacional para a
realização da interrupção da gestação, o aborto poderia ser praticado em
qualquer idade gestacional, mesmo quando o nascituro já seja viável”.
Ainda segundo o parlamentar, o aborto após 22 semanas deve
ser encarado como homicídio. “Quando foi promulgado o Código Penal, um aborto
de último trimestre era uma realidade impensável e, se fosse possível, ninguém
o chamaria de aborto, mas de homicídio ou infanticídio”, destacou.
O projeto deve sofrer resistência no plenário. A liderança
do bloco PSOL/REDE, deputada federal Erika Hilton (PSOL/SP), sustentou a
Agência Brasil que o texto busca criminalizar vítimas de estupro que têm
direito ao aborto legal.
“Para a extrema-direita, crianças sendo mães ou na cadeia
após sofrerem um estupro deve ser a normalidade no Brasil”, disse a
parlamentar, acrescentando que os defensores do projeto querem “que
estupradores tenham direito a serem pais, enquanto colocam na cadeia crianças,
mulheres e pessoas que gestam que sofreram a pior violências de suas vidas”.
Ainda segundo a liderança, a medida penaliza servidores da
saúde que atuam para cuidar das mulheres e crianças vítimas de estupro que
buscam acesso à cuidado e acolhimento no sistema de saúde.
EBC | Foto: Antonio
Cruz/Agência Brasil
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