Enchente no Rio Grande do Sul atinge mais moinhos do que regiões produtoras

  • 10/05/2024

Ainda é cedo para mensurar os prejuízos na cadeia tritícola gaúcha devido às enchentes no Rio Grande do Sul.

Em termos produtivos, dois pontos merecem atenção: eventuais danos ao solo das áreas agrícolas e a possível descapitalização dos produtores que, no verão, cultivaram soja.

De modo geral, as principais regiões produtoras de trigo parecem não ter sido atingidas significativamente pela catástrofe climática.

O analista da Safras & Mercado, Elcio Bento, salienta que os moinhos, por outro lado, estão muito mais próximos das áreas de alagamento.

“Os moinhos trabalham 24 horas por dia, em três turnos. Para eles, ficar parados por uma hora já é ruim. Imagine por todo esse tempo, sem saber quando e se retomarão as atividades”, Bento lembra que o setor moageiro já vinha enfrentando dificuldades em comparação com o ano passado, devido ao trigo mais caro. Outro problema é a provável perda de grãos armazenados.

O Rio Grande do Sul possui 40 moinhos de trigo.

Segundo Bento, pelo menos três estão alagados e outros tantos tiveram suas atividades suspensas devido a problemas logísticos. Com os bloqueios nas estradas, há dificuldade para escoar a farinha produzida, assim como para receber o grão em casca para a moagem.

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) vai esperar a água baixar para avaliar a situação e se pronunciar a respeito.

O sentimento na cadeia tritícola é de total pessimismo. “Se a indústria não vai bem, o produtor também terá dificuldades”, ponderou o analista. Os produtores que tiverem perdas na safra de soja podem ter menos recursos para investir na cultura de inverno.

Trigo no Rio Grande do Sul

Por enquanto, ao que parece, não há risco de que a safra não seja semeada no estado. A janela de plantio vai de 1º de maio a 31 de julho no Rio Grande do Sul. Nas áreas mais afetadas pelas enchentes, o período se concentra entre 11 de maio e 30 de junho.

O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, acredita que ainda há tempo para a semeadura, mas reconhece que houve estragos no solo. Ele descarta, no entanto, prejuízos no abastecimento.

“A situação desoladora pela qual passa grande parte da população torna difícil falar em negócios. Ainda é complicado contabilizar os prejuízos e de que forma o quadro de oferta e demanda de trigo e derivados se ajustará após a catástrofe climática. Tudo isso, contudo, tem ficado em segundo plano, pois o sentimento de solidariedade faz com que a prioridade seja o amparo aos atingidos pelas enchentes”, comentou o analista da Safras & Mercado.

Canal Rural | Foto: Jaelson Lucas/AEN

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