Governo vai pedir acesso ao mercado de carne bovina do Japão
- 02/05/2024
Transição energética, proteção da Amazônia, recuperação do
Cerrado degradado e o acesso do Brasil ao bilionário mercado japonês de carne
bovina estão entre os temas que serão discutidos entre o primeiro-ministro
japonês, Fumio Kishida, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta
sexta-feira (3), em Brasília.
O governo brasileiro deve aproveitar a visita do chefe do
governo japonês, a primeira desde 2014, para estreitar as relações políticas,
ambientais e econômicas, o que inclui a histórica reinvindicação para o Brasil
participar do mercado de carne bovina do Japão.
“O presidente Lula mencionará essa intenção de
diversificarmos as trocas comerciais e eu acho que um grande objetivo é
obtermos acesso ao mercado japonês para a nossa carne bovina e a ampliação do
acesso à carne suína, a qual, por ora, apenas Santa Catarina está habilitada [a
exportar para o Japão]”, destacou o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário
de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
De acordo com o Itamaraty, o Japão importa cerca de 70% da
carne bovina que consome, o que representa de US$ 3 a US$ 4 bilhões ao ano.
Desse total, 80% são importados dos Estados Unidos e da Austrália, históricos
aliados do país asiático. O MRE conta que, desde 2005, o Brasil tenta, sem
sucesso, entrar no mercado japonês de carne bovina.
“Hoje a condição sanitária brasileira é muito melhor do que
a de 2005. Inclusive, em matéria de reconhecimento de áreas livres de febre
aftosa sem vacinação. Então, essa condição precisa ser reconhecida porque o
Brasil exporta para mais de 90 mercados de carne bovina”, completou o
embaixador.
Etanol
Outra demanda do Brasil é a ampliação da participação do
etanol brasileiro no Japão. De acordo com o embaixador Saboia, o etanol
brasileiro é melhor que o de outros fornecedores do Japão, como os Estados
Unidos.
“Todas as medições objetivas e científicas atribuem ao
etanol brasileiro, inclusive o etanol de milho, uma eficiência energética maior
que de outros fornecedores” comentou.
Ainda segundo o Itamaraty, o Brasil deve solicitar ao Japão
que participe dos investimentos na chamada neoindustrialização brasileira,
programa do governo federal criado para aumentar a participação da Indústria na
economia, e também no novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento],
programa de infraestrutura que depende de investimentos privados.
O primeiro ministro Kishida será recebido pelo presidente
Lula nesta sexta, às 9h30, no Palácio do Planalto. Ele vem acompanhado por uma
comitiva de 35 líderes empresariais japoneses. Em Brasília, estão previstas
assinaturas de acordos nas áreas de cibersegurança, ciência e tecnologia,
industrial e de cooperação em agricultura e meio ambiente.
Após o almoço no Itamaraty, o chefe do governo do Japão
segue para o Paraguai. No sábado, Fumio Kishida retorna ao Brasil para uma
agenda com empresários e a comunidade japonesa em São Paulo, que deve contar
com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviço, Geraldo Alckmin.
Relações históricas
O Japão é o segundo principal parceiro comercial do Brasil
na Ásia, atrás apenas da China, e o 9º principal parceiro comercial do Brasil
no mundo. O fluxo comercial entre os dois países é de US$ 11,7 bilhões, com
superávit brasileiro de US$ 1,4 bilhão. O Japão ocupa a posição de 8º maior
investidor externo no Brasil, com estoque de cerca de US$ 28,5 bilhões.
O Brasil exporta, principalmente, ferro, frango, café,
alumínio e milho e importa do Japão, principalmente, produtos manufaturados,
como autopeças, compostos químicos, instrumentos de medição e circuitos
integrados.
O Brasil ainda tem a maior população nipodescendente fora do
Japão, estimada em mais de dois milhões de pessoas. Já o Japão abriga a 5ª
maior comunidade brasileira no exterior, com cerca de 221 mil nacionais.
Canal Rural | Foto: Ministério da Agricultura
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