Demarcações de terras indígenas voltam a ser suspensas no STF
- 04/04/2024
Na tarde desta quarta-feira (3), o Supremo Tribunal Federal
(STF) formou maioria para derrubar a liminar proferida pelo Ministro Edson
Fachin, que suspendia as ações de reintegrações de posse dos proprietários de
terras em Guaíra, bem como a demarcação de terras na região.
A decisão foi tomada com os votos favoráveis dos Ministros
Toffoli (relator), Flávio Dino, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Cristiano
Zanin e André Mendonça.
A Ação Cível Originária (ACO) 3555 foi o epicentro desse
embate judicial que envolveu o Município de Guaíra, a Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Federação da Agricultura do Paraná
(FAEP) e a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Essas entidades, atuando
em conjunto, propuseram um agravo regimental contra a decisão de Fachin, que
havia suspendido as ações de reintegração de posse e a demarcação de terras na
região.
No voto do relator, Ministro Toffoli, manteve-se a decisão
de ter a Comissão Nacional de Soluções Fundiárias do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) para a construção de consenso e pacificação. Essa medida busca
encontrar soluções que conciliem os interesses das partes envolvidas, visando
uma resolução pacífica e justa para a questão fundiária na região.
Com essa decisão do STF, o processo de demarcação em Guaíra
e região encontra-se suspenso e anulado por força de decisão da Justiça Federal
desta comarca.
O procurador jurídico do município, João Fernando Pinto
Grecillo, comemorou a decisão, e atribuiu o sucesso as ações conjuntas entre a
prefeitura, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e a
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O prefeito Heraldo Trento também expressou sua satisfação
com o desfecho favorável:
“Fiquei muito satisfeito com a formação da maioria para o
restabelecimento e o amadurecimento dessa questão. O relacionamento
institucional que o município tem pregado desde o início do primeiro mandato
está surtindo efeito. Nossa gratidão imensa à Frente Parlamentar da
Agropecuária, que tem reunido todos os parlamentares federais ligados a essa
causa, especialmente aqui em nossa região”.
Apesar da vitória no STF, Trento ressaltou que a resolução
definitiva do problema ainda está em processo:
“Isso resolve 100% do problema? Ainda não. Mas abre um
espaço para que seja feita a pacificação definitiva e permita que a comissão
instituída pelo Governo Nacional para resolver essa questão avance ainda mais,
classificando definitivamente esse problema”.
O vice-prefeito Gileade Osti destaca a importância de
aguardar os desdobramentos da decisão do STF.
“Eu vejo isso como um novo capítulo na batalha pelo tema,
trazendo esperança e abrindo espaço para uma solução pacífica e que resguarde o
interesse coletivo e que possamos avançar ainda mais no desenvolvimento local,
travado pelas incertezas dessas situações juridicas”, finalizou.
Novo capítulo
O município de Guaíra enfrenta insegurança desde 2003 devido a invasões de terras por uma população que alega ser descendente de povos tradicionais.
O município passou por uma série de conflitos e incidentes,
incluindo um confronto no final do ano de 2023 que resultou em quatro feridos e
exigiu a intervenção da Força Nacional e do Conselho Nacional de Justiça.
Isso levou à suspensão de todas as ações judiciais
relacionadas ao processo de demarcação, que estavam impedindo o seu avanço.
A decisão foi tomada pelo ministro Edson Fachin, que também
revogou decisões judiciais anteriores que impediam a Fundação Nacional do Índio
(Funai) de prosseguir com o processo de demarcação.
A comunidade local acredita que essa decisão de hoje traga
novamente tranquilidade à região e contribua para dar um passo em direção à
resolução do conflito e à garantia dos direitos e integridade de todas as
partes envolvidas.
Notícias Agrícolas/Preto no Branco | Foto: Supremo Tribunal
Federal
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