Dia da Consciência Negra: Audiência Pública debaterá o racismo nas escolas paranaenses nesta segunda-feira (20)
- 20/11/2023
A Comissão de Igualdade Racial da Assembleia Legislativa do
Paraná realizará, na próxima segunda-feira (20) - Dia Nacional de Zumbi e da
Consciência Negra - a audiência Pública “Combate ao Racismo na Educação: 20
anos da Lei 10.639/2003”, às 18h, no Plenarinho da Casa, em Curitiba. O combate
ao racismo no ambiente escolar se faz urgente porque o tema está no topo da
lista de locais em que os brasileiros mais afirmam ter sofrido violência
racial.
De acordo com dados da pesquisa Percepções Sobre o Racismo,
do Instituto de Referência Negra Peregum, divulgada em agosto desse ano, a cada
10 pessoas que relatam ter sofrido racismo no Brasil, 3,8 foram vítimas da
violência em escolas, faculdades ou universidades. Além disso, as demandas e
denúncias que chegam diariamente à Comissão de Igualdade Racial confirmam a
necessidade de pautar o assunto no ambiente legislativo do Estado do Paraná.
De fevereiro até outubro desse ano foram registradas e
encaminhadas à comissão 11 denúncias de racismo nas escolas do Paraná contra
estudantes e professores. E todas as denúncias tiveram atendimento e
encaminhamentos, requerimentos e/ou ofícios, reuniões presenciais e
online/telefone, e em todos os casos, as vítimas receberam acompanhamento e
auxílio dos profissionais que atuam na comissão da Assembleia do Paraná.
O deputado Renato Freitas (PT) é presidente da Comissão de
Igualdade Racial na Assembleia e defende um modelo de ensino seguro, acolhedor
e que incentive à socialização, sempre com respeito à vida dos outros seres
humanos, mas segundo Freitas, infelizmente, a escola acaba sendo um espaço que
propicia episódios de todas as formas de violência, o que é inadmissível.
“Quando eu era criança, a escola nunca me entendeu e eu
nunca entendi a escola. O colégio não percebia que os problemas que eu
enfrentava vinham de fora do ambiente escolar como a pobreza, a falta de
estrutura e o racismo. Eles falavam do meu cabelo, da minha roupa, me chamavam
de beiçudo e eu fica ali e observava também que o mesmo acontecia com os outros
pretos da escola e percebi que eles estavam como eu, invisíveis no fundo da
sala torcendo para não serem vistos. E na escola, quando você também não quer
ser visto, você também não fala, não responde, não faz trabalho, não tira notas
boas, não tem ânimo. Não tem vida naquele espaço porque viver é existir, é ser
visto, é ser ouvido. Quem não é visto e nem ouvido, existe menos”, afirma
Freitas.
Com Inf: ALEP | Foto: Valdir Amaral/Alep
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