Eleitores argentinos no Brasil votam por defesa da democracia
- 20/11/2023
O Consulado Geral Argentino em São Paulo registrava
movimentação bastante tranquila na manhã deste domingo (19), dia do segundo
turno das eleições presidenciais do país vizinho. Ao contrário do registrado no
primeiro turno, em outubro, não havia filas para ingressar no prédio. Em uma
roda de conversa informal formada em frente ao local de votação, na avenida
Paulista, argentinos residentes no Brasil debatiam sobre o novo governo.
São cerca de 23 mil cidadãos do país habilitados a votar no
Brasil, na embaixada e nos dez consulados. Na capital paulista, os eleitores
ouvidos pela reportagem disseram esperar que o próximo presidente argentino
defenda e democracia e a civilidade em seu mandato.
“O importante é que a democracia ganhe a eleição. A
Argentina está passando uma situação muito difícil, como a que a gente passou
aqui no Brasil. Esperemos que triunfe a democracia, a dignidade e a civilização
se imponham frente à barbárie”, disse o psicólogo argentino Hernán Siculer, que
vive no Brasil há 22 anos.
Ele ressaltou que tem a expectativa que o novo governo
fortaleça o estado e serviços públicos, como a saúde e a educação. “Que o
estado argentino preserve a educação pública, preserve a saúde pública, e os
direitos que foram sendo adquiridos nas décadas de 2000 e 2010 e que a partir
do governo de [Mauricio] Macri foram se perdendo”, acrescentou.
Os dois candidatos à presidência da República argentina são
Sergio Massa, atual ministro da Economia, e o ultradireitista Javier Milei.
Ambos travam uma disputa acirrada em uma eleição que ocorre em um cenário de
crise econômica, com inflação de 142,7% em 12 meses.
A professora argentina da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), residente no Brasil há 36 anos, Graciela Foglia, concorda que a
economia argentina não vai bem e que uma solução para a crise tem que ser
encontrada pelo novo presidente. No entanto, ela diz temer uma interrupção dos
40 anos de democracia argentina.
“Espero que melhorem as coisas, que diminua a inflação, que
se devolva um pouco a paz no caos em que se está vivendo na Argentina. Eu
entendo que as pessoas estejam cansadas, bravas, porque a economia não
funciona, mas está em jogo muito mais do que isso, não é?”.
Já o professor Adrian Fanjul disse não ter grandes
expectativas sobre o novo governo, e que seu voto foi no sentido de evitar que
o fascismo tome o poder na Argentina. “O que seria bom para mim infelizmente
nenhum dos candidatos vai fazer. O que deveria se fazer é romper com o Fundo
Monetário Internacional e promover uma política de desenvolvimento.
Infelizmente acho que nenhum dos candidatos vai fazer isso”, ressaltou.
Brasília
Julia Lupine é brasileira, mas por ser filha de argentinos
tem direito ao voto. É a segunda vez que vota nas eleições argentinas. Na
embaixada da Argentina, em Brasília, ela se mostrou apreensiva pela
possibilidade de uma vitória da extrema direita, representada por Milei.
Para ela, a situação vivida pelo país vizinho atualmente se
assemelha ao cenário eleitoral do Brasil em 2018, quando Jair Bolsonaro surgiu
como nome da extrema direita e saiu vitorioso. “É difícil [a situação na
argentina], porque a gente passou algo semelhante no Brasil. Estou com medo que
a extrema direita vença. E acho que seria muito ruim para os direitos [da
população]”.
Com Inf: EBC | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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