Toledo ganha Central de Bioenergia movida a dejetos da suinocultura
- 13/10/2023
Maior produtor de suínos do País, o município de Toledo, no
Oeste do Paraná, passou a contar, a partir desta quarta-feira (11), com uma
Central de Bioenergia para tratamento de dejetos de 41 mil animais, criados por
15 produtores da região. Na central, esse material se transformará em biogás
para geração de energia elétrica suficiente para abastecer 1,5 mil residências
de médio porte. Também serão produzidos no local 330 metros cúbicos de
digestato (biofertilizante), que serão distribuídos para os próprios
suinocultores e a comunidade em geral.
O projeto é uma parceria da Itaipu Binacional, que investiu
R$ 19 milhões na iniciativa, com o Parque Tecnológico Itaipu (PTI-Brasil) e o
Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), responsável pela
implantação e operação da planta. Também apoiam a iniciativa a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agência de Defesa Agropecuária
do Paraná (Adapar), a Associação Regional de Suinocultores do Oeste
(Assuinoeste) e a Prefeitura de Toledo.
Nesta fase, de operação assistida, todos os equipamentos são
monitorados em um ambiente controlado até a execução da operação continuada,
que irá acontecer após a inauguração do projeto, em 2024.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, observou
que o Oeste do Paraná tem na agropecuária uma das suas principais atividades
econômicas e a produção de biogás, a partir do tratamento dos dejetos, torna-se
uma solução viável do ponto de vista social, econômico e ambiental. “A poluição
que poderia contaminar o solo, os rios e – por consequência – o reservatório da
usina de Itaipu é transformada em energia e renda”, disse
Verri acrescentou que pretende apresentar a experiência da
Central de Bioenergia de Toledo, no tratamento dos dejetos da suinocultura, na
Conferência do Clima, da Organização das Nações Unidas (ONU), que neste ano
acontece de 30 de novembro a 13 de dezembro em Dubai.
O prefeito de Toledo, Beto Lunitti, agradeceu o apoio de
Itaipu e lembrou que o município foi um dos que apoiaram a criação do CIBiogás,
há dez anos. “Hoje, essa Central de Bioenergia é a realidade daquilo que foi
discutido lá atrás. Porque Itaipu teve essa visão de futuro, que se
intensificou na atual gestão, para que a gente possa potencializar a vocação
que temos na produção de proteína animal.”
Durante a cerimônia, o diretor presidente do CIBiogás,
Rafael González, deu detalhes sobre o processo de biodigestão na Central de
Bioenergia e destacou que a planta está preparada para receber mais um gerador
e dobrar a capacidade de produção. “Temos o pré-sal no litoral brasileiro, mas
aqui no Paraná temos também o pré-sal caipira, transformando a nossa proteína
animal em energia”, comparou.
De acordo com González, o projeto é tecnologicamente
inovador e tem potencial para ser replicado em outras propriedades,
transformando-se em solução para diversas demandas dos produtores e da
agroindústria da região. O diretor presidente também destaca que a operação
assistida é uma fase crucial para a análise de performance e desempenho do
projeto. “Além de testar os equipamentos de forma isolada, agora entramos nesse
processo de operação assistida para que tudo possa correr bem nos próximos
anos.”
Um dos criadores de suínos da região beneficiados pelo
projeto, Juraci Bugs ficou emocionado ao falar da dificuldade do setor em dar
uma destinação correta aos dejetos da pecuária. “Para nós, [a criação da
Central de Bioenergia] é uma satisfação muito grande, um grande alívio para os
produtores.”
A cerimônia também teve a participação do
diretor-superintendente do PTI, Irineu Colombo; do diretor de Coordenação da
Itaipu, Carlos Carboni; do deputado federal Elton Welter; do deputado estadual
Professor Lemos – entre outras autoridades e técnicos das instituições
envolvidas.
Biodigestores
A Central de Bioenergia de Toledo (CBT) foi construída em um
terreno de 55,3 mil metros quadrados, doados pela Prefeitura, e conta com três
biodigestores com capacidade para processar 9,5 mil metros cúbicos de dejetos.
Esse volume é suficiente para produzir, na fase inicial, 5 mil metros cúbicos
de biogás, que irão movimentar dois geradores, cada um com potência instalada
de 335 kW.
A central está ainda estruturada para receber, diariamente,
até seis tonelada de carcaças de suínos mortos, que não foram abatidos e são
impróprios para o consumo, além de outros tipos de materiais apreendidos por
órgãos como a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério da Agricultura
e Pecuária (Mapa).
Também está prevista no local a produção de energia solar
por meio de painéis fotovoltaicos, tornando a unidade uma usina híbrida.
O modelo de negócio desenhado pelo PTI prevê duas fontes de
renda para a central: a negociação de créditos de energia elétrica para uma
comercializadora do setor, na modalidade de compensação de energia para
minigeração distribuída, e venda dos créditos de carbono.
Antes da cerimônia desta quarta-feira, o superintendente de
Energias Renováveis da Itaipu, Rogério Meneghetti, e o diretor de Desenvolvimento
Tecnológico do CIBIogás, Felipe Marques, atenderam a imprensa e conduziram uma
visita guiada à central.
Sobre o CIBiogás
O CIBiogás é uma instituição de Ciência e Tecnologia com
Inovação, dedicada ao desenvolvimento do biogás como recurso energético limpo e
competitivo, com o objetivo de promover o mercado de energias renováveis.
Iniciado há mais de 10 anos com a intenção de solucionar as questões ambientais
envoltas na região Oeste do Paraná, o CIBiogás surgiu de iniciativa da Itaipu
Binacional e do Parque Tecnológico de Itaipu. Até hoje, as instituições são
parceiras em diversos projetos relacionados ao biogás e biometano em todo o
Brasil e de outros combustíveis avançados, como o hidrogênio a partir de
biogás.
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada,
a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável,
tendo produzido, desde 1984, 2,9 bilhões de MWh. Em 2022, foi responsável por
8,6% do suprimento de eletricidade do Brasil e 86,3% do Paraguai. A empresa tem
como missão “Gerar energia elétrica de qualidade com responsabilidade social e
ambiental, contribuindo com o desenvolvimento sustentável no Brasil e no
Paraguai.”
Assessoria | Foto: Rafa Kondlatsch | Itaipu Binacional.
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