Política nacional para refugiados pode estar pronta até o fim do ano
- 10/08/2023
Depois de cinco anos parada, a elaboração da política
nacional de migrações, refúgio e apatridia segue avançando e deve estar pronta
até o final do ano. A expectativa foi manifestada por representantes do governo
nesta quarta-feira (9) em audiência pública na Comissão Mista Permanente
Sobre Migrações Internacionais e Refugiados (CMMIR).
Prevista no artigo 120 da Lei de Migração (Lei 13.445, de
2017), a política prevê a parceria do governo federal com estados e municípios
para o atendimento a imigrantes e refugiados que chegam ao Brasil. Esse
atendimento deve contar com a participação de empresas, órgãos internacionais e
movimentos sociais. Apesar da previsão legal, a regulamentação da política não
avançou nos governos anteriores, disseram debatedores.
O secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho,
lamentou que a questão tenha ficado parada por cerca de cinco anos, mas
destacou que o ministro da Justiça, Flávio Dino, assinou em janeiro uma
portaria para garantir a implementação da política. De lá para cá, foram
criados grupos de trabalho com representantes de 15 ministérios, além de
organizações da sociedade civil e representantes de refugiados e migrantes.
— O texto da política nacional está em redação e espero que
em breve nós possamos partir dessa minuta para uma segunda discussão, e até o final
do ano ter uma política nacional aprovada e implementada — apontou Botelho.
Mesmo antes da aprovação da política, os ministérios têm
atuado em parceria com as Forças Armadas, estados e municípios para monitorar e
acolher refugiados e migrantes, disseram representantes do governo. As
situações que mais têm demandado a atenção das autoridades nos últimos anos são
os fluxos de refugiados e migrantes vindos da Venezuela, do Afeganistão e do
Haiti. Garantir acesso à educação, saúde e emprego são algumas das ações
conjuntas desenvolvidas:
— A atuação de forma conjunta na Operação Acolhida tem uma
coordenação interministerial. Exército, MDS [Ministério do Desenvolvimento e
Assistência Social], [Ministério da] Saúde, [Ministério dos] Direitos Humanos,
[Ministério] da Justiça… — apontou Cinthia Barros dos Santos Miranda, do MDS.
Relator da comissão, o deputado Túlio Gadelha (Rede-PE)
disse que o colegiado vai visitar centros de acolhimento de refugiados e
migrantes e buscar mais recursos para essa política. Já a presidente da
comissão, senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), reforçou que o Congresso vai
colaborar para aprimorar a política de migrações.
— O objetivo é unir os trabalhos do Legislativo e do
Executivo. Somente por meio desse diálogo e da transparência das ações que nós,
parlamentares, e a sociedade civil poderemos colaborar e aprimorar essa
política pública — disse a senadora.
Requerimentos
Depois da audiência, a CMMIR aprovou dois requerimentos. O
primeiro deles (REQ 9/2023), de autoria da deputada Reginete Bispo (PT-RS),
pede uma audiência pública para debater o trabalho dos migrantes em território
nacional.
O outro requerimento (REQ 10/2023) é de iniciativa da
vice-presidente da comissão, deputada Carol Dartora (PT-PR). Com a aprovação, o
colegiado fará uma diligência externa na cooperativa C.Vale, em Palotina (PR),
a fim de fiscalizar as condições de trabalho de imigrantes e acompanhar as
medidas para investigar as causas da explosão ocorrida em um silo da
cooperativa no dia 27 de julho. A explosão matou um brasileiro e sete
haitianos.
Com Inf: Agência Senado | Foto: Jefferson Rudy/Agência
Senado
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