Projeto de lei pode ampliar oferta de gás natural no país
- 21/11/2018
Uma mistura de derivados de
combustíveis fósseis que se encontra na natureza tem sido utilizada em todo o
mundo como importante fonte de energia. No Brasil, o gás natural também tem
ganhado espaço e hoje está presente em residências, indústrias e até nos
veículos. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), os brasileiros consomem por dia cerca de 100 milhões de
metros cúbicos do produto.
Regulamentada em 2010, a Lei
11.909/2009, conhecida como Lei do Gás, estabelece de que forma as atividades
de tratamento, processamento e comercialização do gás natural devem ser
realizadas no país. Apesar do marco regulatório próprio e da expansão do
mercado, o setor ainda enfrenta dificuldades para atrair investimentos, o que
diminui a oferta para os consumidores.
O principal entrave é a falta de
competitividade. Isso porque a Petrobras detém 92% da produção de gás natural
no Brasil, além de administrar campos de gás, gasodutos, termelétricas,
transportadoras, distribuidoras e revendedoras do combustível. A Parnaíba Gás
Natural, empresa que atua no Maranhão e é a segunda maior operadora do país,
tem uma fatia de apenas 7% do mercado. Os dados são da ANP, órgão que regula o
setor de combustíveis.
Para o coordenador do Grupo de
Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmar de
Almeida, o fato de a Petrobras ser na prática a única fornecedora de gás
natural no Brasil não garante o menor preço ao consumidor.
“Na medida em que houverem mais
empresas oferecendo o gás, as distribuidoras vão poder fazer um leilão para
comprar daquela empresa que esteja vendendo mais barato. E, assim, a gente vai
ter certeza de que o preço que as distribuidoras estão praticando é o preço
correto, é um preço resultado de forças do mercado”, ressaltou Almeida.
Para quebrar o monopólio da
estatal e abrir oportunidade de novos negócios para o setor, deputados federais
analisam o Projeto de Lei 6407/2013, também conhecido como Nova Lei do Gás. A
proposta tem como base o Gás para Crescer, iniciativa do Ministério de Minas e
Energia, lançada em julho de 2016, com o objetivo de elaborar ações para
adequar o funcionamento do setor de gás, em um cenário com menor participação
da Petrobras.
Na avaliação de Edmar de Almeida,
a proposta representa um avanço na legislação. Segundo o especialista, cerca de
60 empresas já possuem autorização para comercializar gás natural, mas ainda
não conseguiram se inserir nesse mercado.
“Em pleno século 21, a gente com
um monopólio no mercado de gás, apesar da lei dizer que é possível ter
concorrência, mas, infelizmente, isso não acontece. Então, essa nova proposta
de lei é justamente para resolver os problemas que impedem que a gente entre
para um contexto de competição no mercado de gás”, completou.
Proposta
Além de ofertar mais opções aos
consumidores e aumentar a competitividade no setor, o texto também isenta do
pagamento de alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins sobre importação e receita
bruta as empresas que vendam gás natural, liquefeito ou gasoso no mercado
interno.
A matéria determina ainda que os
preços, critérios de reajustes e revisões do gás natural devem ser
estabelecidos de acordo com parâmetros fixados pelos ministros da Fazenda, de
Minas e Energia e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Além
disso, a precificação deve passar por audiências públicas com representantes da
indústria do gás natural, da administração pública e consumidores.
O projeto em debate na Comissão
de Minas e Energia da Câmara é motivo de discussão entre parlamentares e
entidades ligadas ao setor. A discordância gira em torno do relatório
apresentado pelo deputado Marcelo Squassoni (PRB-SP). Na visão de alguns
congressistas, o novo texto deixa de lado o foco principal da proposta
original, que é ampliar a competitividade e a oferta do setor de gás natural.
É o que afirma, por exemplo, o
deputado Fábio Garcia (DEM-MT). Ele argumenta que a matéria deve ter como base
o projeto Gás para Crescer, que passou por consultas públicas e já recebeu o
apoio de agências reguladoras e outros órgãos do setor energético. Segundo o
parlamentar, o texto da Nova Lei do Gás deve incluir atração de investimentos e
promover a diversidade de agentes e a competição no setor.
“O melhor seria que o projeto
voltasse aos princípios do Gás Para Crescer. A gente aproveitasse esse trabalho
do Ministério de Minas e Energia, transformasse isso em lei e, definitivamente,
mudasse o mercado de gás no Brasil, dando o acesso do gás natural a todos os
brasileiros com preço mais justo”, afirmou Garcia.
O deputado disse ainda que
acredita que o relator do PL 6407/2013, Marcelo Squassoni, deve modificar a
matéria após conversas internas na comissão para que seja votado o texto
original. Os parlamentares voltam a se reunir para discutir o tema nesta
quarta-feira (21), em audiência prevista para as 10h, na Comissão de Minas e
Energia.
O projeto precisa ser aprovado ainda na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, e na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. Como tramita em caráter conclusivo, ou seja, não precisa ser votada em Plenário, a matéria se torna lei se for aceita pela maioria dos deputados que integram a Comissão de Constituição e Justiça.
Agência do Rádio|CGN
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