Sob gritos de 'Bolsonaro', Câmara adia votação sobre Escola sem Partido
- 01/11/2018
O Lula tá preso, babaca", grita
uma mulher empunhando uma bandeira do Brasil. "Chama o exorcista, chama o
exorcista", rebate um coro que segura cartazes com o logo da CUT (Central
Única dos Trabalhadores).
A tensão entre manifestantes
contrários e favoráveis ao projeto do Escola sem Partido marcou a sessão desta
quarta-feira (31) na Câmara.
A confusão, que durou cerca de
uma hora, teve bate-boca de Chico Alencar (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP)
contra Marco Feliciano (PSC-SP) sobre a ditadura militar, empurra-empurra na
saída do plenário e gritos de "é Bolsonaro" e "Freire sim, Frota
não" --em referência ao educador Paulo Freire e ao deputado eleito pelo
PSL Alexandre Frota (SP).
Com a abertura da ordem do dia no
plenário, que impede votações em comissão, a votação do parecer favorável ao
projeto foi adiada.
O presidente da comissão, Marcos
Rogério (DEM-RO), membro da bancada evangélica e eleito para o Senado em 2018,
marcou nova sessão para a próxima semana.
Segundo ele, caso novos protestos
não permitam que a análise do texto avance, a reunião pode ser fechada apenas
para parlamentares. "Isso é inconstitucional", protestou a deputada
Maria do Rosário (PT-RS).
Chegou a ser proposto um acordo
de calendário sem obstrução, que não foi aceito por parlamentares da oposição.
A obstrução é um conjunto de instrumentos regimentais que permite protelar a
votação de uma matéria --por exemplo, pela apresentação de requerimentos ou
pela utilização prolongada de tempos de fala.
O Escola sem Partido é um
movimento criado em 2004 para combater uma suposta doutrinação de esquerda dos
professores nas aulas, e que também atingiria livros.
Encampada pela família Bolsonaro
e por aliados do presidente eleito, a proposta é um dos tema que a bancada
conservadora do Congresso quer ver avançar na Casa ainda nesta legislatura.
A oposição, por sua vez, quer
obstruir a votação do texto até o final do ano.
O projeto que tramita na Câmara e
que, se aprovado na comissão especial, ainda teria de ser debatido pelo
plenário, tem relatoria de Flavinho (PSC-SP). Ele apresentou um novo texto
nesta semana, ampliando, por exemplo, o alcance da lei para todos os materiais
didáticos e paradidáticos.
Em seu texto, fica proibido o uso
da palavra "gênero" e da expressão "orientação sexual" em
sala de aula, mesmo em disciplinas "complementares ou facultativas".
A proposta ainda prega o que
seria uma "neutralidade" do professor em sala de aula. Pelo texto
apresentado, o professor "não fará propaganda político-partidária em sala
de aula, nem incitará seus alunos a participarem de manifestações, atos
públicos e passeatas".
Ela prevê ainda que o professor
deve respeitar "o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação
moral que esteja de acordo com suas próprias convicções".
A oposição ao projeto classifica
as medidas como censura e cerceamento da liberdade de expressão.
Folhapress
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