Procuradoria-Geral da República recorre contra decisão que tirou Beto Richa da prisão
- 19/09/2018
Em parecer protocolado nesta
terça-feira (18), a procuradora-geral da República Raquel Dodge pediu que seja
revista a decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
que determinou a soltura do ex-governador Beto Richa (PSDB) e outros 14
investigados na última sexta-feira (14). Dodge pediu ao ministro que determine
a remessa para "livre distribuição", como pedido de habeas corpus. A
PGR afirma que a defesa de Richa “adotou expediente jurídico exótico, que
resultou no direcionamento de seu pedido para o ministro Gilmar Mendes”.
Os advogados do ex-governador
entraram com o recurso baseado na “inconstitucionalidade da condução coercitiva
de investigado”, em ação que era relatada por Gilmar. De acordo com a PGR, a
tese “é incompatível com a natureza jurídica das decisões”. Segundo ela, ainda
que o argumento fosse válido, o “remédio cabível contra tal situação seria, em
tese, a Reclamação Constitucional, e não uma petição” dentro da ação utilizada.
“O Plenário declarou a
inconstitucionalidade da condução coercitiva de investigado, mas não a sua
prisão temporária”, escreveu procuradora-geral.
Pora Raquel Dodge, o instrumento
utilizado por Richa abre precedente para que qualquer preso temporariamente
recorra ao argumento. "Sempre que um preso temporariamente entendesse que
sua prisão foi uma condução coercitiva disfarçada, iria provocar o Relator da
ADPF 444 [Gilmar Mendes] a revisar o decreto prisional”, destacou Dodge. (Veja
a íntegra do recurso)
A PGR também lembrou no documento
que a ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o
desembargador Laertes Ferreira Gomes, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ),
negaram habeas corpus aos investigados antes da decisão do ministro do STF.
Depois de quatro dias preso no
Regimento da Polícia Montada, no bairro Tarumã em Curitiba, Richa, que é
candidato ao Senado, foi solto na madrugada de sábado (15). Ele e outras 14
pessoas foram presas no dia 11 de setembro, na Operação Rádio Patrulha, do
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público
Estadual (MP-PR), que investiga crimes em licitações para o reparo de estradas
rurais.
A decisão de Gilmar Mendes, que
liberou Richa, familiares e alidados, foi publicada menos de uma hora depois da
determinação do juiz Fernando Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, que
pediu a conversão da prisão temporária dos investigados, que tem prazo de cinco
dias, em preventiva, sem prazo para terminar durante a conclusão processual.
Entre os argumentos do ministro
Gilmar Mendes está a data dos fatos, que teriam ocorrido entre 2012 e 2015, o
que não justificaria a prisão durante o período eleitoral. “Se baseou em fatos
bastante antigos, utilizando-se de elementos genéricos e inespecíficos que não
demonstraram, in concreto, a necessidade da medida extrema”, destacou o
ministro. A interpretação foi criticada por procuradores do Gaeco que
argumentaram que a delação premiada do ex-deputado Tony Garcia foi homologada
em agosto. O delator procurou o MP-PR em maio para relatar os fatos.
O ex-governador Beto Richa é
investigado pelo crime de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Também
foram presos na operação, mas beneficiados pela decisão do ministro Gilmar
Mendes, a ex-primeira-dama Fernanda Richa, o ex-secretário de Infraestrutura
Pepe Richa, irmão do ex-governador; o ex-secretário de Cerimonial Ezequias
Moreira; o primo de Richa, Luiz Abib Antoun; o ex-secretário de Assuntos
Estratégicos Edson Casagrande; o empresário da Ouro Verde Celso Frare; o
empresário Aldair W. Petry; o contador da família Richa Dirceu Pupo Ferreira;
os empresários Joel Malucelli, Emerson Savanhago e Robinson Savanhago; além do
advogado Túlio Bandeira e seu irmão, André Felipe Bandeira.
Também alvo do Gaeco, o jornalista Deonilson Roldo, ex-chefe de Gabinete de Richa, permanece detido, mas porque teve prisão decretada tambpem no dia 11 pelo juiz federal Sergio Moro, no âmbito da 53ª fase da Operação Lava Jato, a operação "Piloto". A investigação apura pagamento de vantagem indevida em 2014 pelo setor de propinas da Odebrecht em favor de agentes públicos e privados no Paraná, em contrapartida ao possível direcionamento do processo licitatório para investimento na duplicação, manutenção e operação da PR-323. Foram presos Deonilson, Jorge Theodócio Atherino e Tiago Correia Adriano Rocha. Rocha foi solto na última sexta-feira. O Ministério Público Federal (MPF) também havia pedido a prisão de Pepe Richa e Ezequias Moreira na Lava Jato, mas Moro negou as prisões.
Bem Paraná
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