Desembargador nega ‘habeas corpus’ para o ex-governador Beto Richa
- 13/09/2018
O desembargador Laertes Ferreira
Gomes, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), negou habeas corpus para
libertar o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB). A negativa foi divulgada
na noite desta quarta-feira (12). O pedido de soltura havia sido feito na
terça-feira (11) por oito advogados da defesa do ex-governador.
Na ocasião, o desembargador havia
desapreciado o pedido naquele momento e determinou apenas a transferência de
Richa e da mulher dele, a secretária da Família Fernanda Richa, para o
regimento da Polícia Montada. Quando foram presos, os dois haviam sido
encaminhados para o Complexo Médico Penal (CMP) em Pinhais (Região
Matropolitana de Curitiba). Desta vez, porém, Gomes negou o habeas.
“Considerando que em sede de cognição sumária não restou configurado, de plano,
o alegado constrangimento ilegal, indefiro a liminar pleiteada”, escreveu ele,
em seu despacho.
De acordo com o coordenador do
Gaeco, Leonir Batisti, a previsão é a de que o ex-governador e a mulher prestem
depoimento na quinta-feira (13) ou na manhã de sexta-feira (14). Os advogados
da família Richa vão recorrer da decisão.
De acordo com o apontamento do
Ministério Público Estadual (MP), com base em depoimentos da delação do
ex-deputado Tony Garcia; já homologa pela Justiça, Richa teria desviado mais de
R$ 70 milhões — valores não atualizados
Para o juiz, o esquema só
funcionava graças ao aval de Richa aos subordinados como chefe do Executivo. Já
a ex-primeira-dama Fernanda Richa foi apontada como auxiliar do marido na
lavagem do dinheiro desviado, por meio da compra de imóveis no nome de empresas
da família. As compras foram realizadas pela empresa Ocaporã Administradora de
Bens Ltda, cuja responsável é Fernanda Richa.
"Foi realizada a compra do
adquiriu o lote nº 18, situado no condomínio Paysage Beau Rivage, mediante
permuta com 2 (dois) terrenos localizados no Alphaville Graciosa, ocultando-se
a parcela em dinheiro que teria sido paga (em torno de R$ 900.000,00). Tal
negociação teve como representante da empresa Ocaporã a pessoa de Dirceu Pupo,
além de André Vieira Richa, sócio da empresa e filho do casal Beto Richa e
Fernanda Richa," diz a decisão sobre a prisão temporária.
“Há substratos nos autos que apontam que os
investigados se associaram para constituir uma organização criminosa
hierarquizada, que mediante divisão de tarefas realizaram crimes de fraude à
licitação, corrupção, lavagem de dinheiro, dentre outros”, argumenta o
magistrado em sua decisão.
Ao MP, Tony Garcia relatou ter
sido procurado por Osni Pacheco (já falecido), da Cotrans; e Celso Frare, da
Ouro Verde, para fraudar a licitação do “Patrulha do Campo”, cujo edital,
lançado em 2011, previa o fornecimento de maquinário para o programa de
manutenção em estradas rurais no interior do estado. O montante envolvido era
de R$ 72,2 milhões, em valores não atualizados. A proposta era para superfaturar os contratos e repassar 8% do
faturamento bruto, como propina a agentes públicos como contrapartida.
De acordo com a delação deTony
Garcia, Beto Richa teria aceitado a oferta e o orientado a procurar Ezequias
Moreira, Deonilson Roldo e Pepe Richa para implementar o esquema. Aos
empresários, a quem caberia orientar a elaboração da licitação, Joel Malucelli,
da J. Malucelli, teria se unido.
Ao final do certame, cada um dos três lotes foi vencido por Cotrans, Ouro Verde e Terra Brasil − esta última empresa teria sido aliciada, posteriormente, para entrar na fraude. Em comum acordo, a Ouro Verde repassou parte das patrulhas a Malucelli e a Tony.
Bem Paraná
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