Após intervenção no Rio, bandidos 'cariocas' podem migrar para o Paraná
- 23/02/2018
A intervenção federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro poderá gerar impactos negativos para o Paraná e outros estados. É que com o aumento da repressão ao crime no estado carioca, deve se verificar o chamado 'efeito espanta barata', com a saída de criminosos do Rio para outros estados.
Na quinta-feira (22), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, comentou sobre o risco de migração de criminosos. “Eu acho que é plausível, porque essa migração ocorre, por exemplo, dentro do Rio de Janeiro, dentro de Pernambuco e dentro de Goiás. Onde há uma eficácia maior das forças de segurança, o crime certamente migra. Há uma preocupação que a gente tem de cuidar para que não se corporifique”, disse o ministro.
Num primeiro momento, as preocupações do governo federal se concentram nos estados limítrofes do Rio de Janeiro, casos de Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. Por isso também ontem o ministro da Justiça, Torquato Jardim, anunciou o aumento do controle nas rodovias para os estados que fazem divisa com os cariocas.
A situação, porém, gera preocupação em todo o país, segundo o diretor jurídico da Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Paraná (Adepol-PR). “Num primeiro momento, os estados limítrofes que tendem a se preocuopar mais com o efeito espanta barata. Mas numa análise mais profunda, todo o país deve se preocupar com a situação do avanço do crime organizado, para que outros estados não cheguem a situações como a do Rio de Janeiro”, explica.
Segundo o governo federal, as fronteiras do Paraná com o Paraguai terão reforço na segurança para evitar a entrada de drogas no país e também de munição. Já a Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que também está tratando do assunto diretamente com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de ter redobrado a atenção para identificar qualquer anormalidade no estado.
“A Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná informa que esta tratando do assunto direta e inicialmente com a Polícia Rodoviária Federal do Paraná sobre um planejamento de ações. Além disso, o Departamento de Inteligência do Estado do Paraná e o Departamento Penitenciário estão com a atenção redobrada para mapear e identificar qualquer anormalidade no sistema prisional”, informou a pasta por meio de nota.
Pedro Felipe, diretor jurídico da Adepol, aponta que o Paraná precisa investir mais no combate ao crime organizado para evitar a migração de organizações criminosas no estado e também combater com maior eficácia o crime organizado.
Uma medida defendida pela Adepol, inclusive, é a criação de uma delegacia especializada no combate ao crime organizado.
“Entendemos que falta isso, principalmente na estrutura da Polícia Civil. Temos a ideia de que o combate ao crime é feito com investimento na polícia ostensiva, mas se não houver trabalho de investigação, não há como conter isso. É preciso investigar a fundo o avanço da criminalidade organizada”, afirma.
BEM PARANÁ
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