Folha de pitangueira pode auxiliar no combate ao Alzheimer, afirmam pesquisadores

  • 04/09/2019

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, afirma que com o aumento do envelhecimento populacional, mais pessoas deverão ser acometidas pela doença de Alzheimer. Sem cura, a doença é um transtorno neurodegenerativo que apresenta vários sintomas e dentre eles a deterioração da memória.

Preocupados com esta realidade, professores de uma universidade do Paraná desenvolveram uma linha de pesquisa que investiga substâncias que poderiam ajudar no combate à doença, com o enfoque em compostos naturais que apresentem menos efeitos colaterais.

Foi assim que se revelou a folha de pitangueira como uma possível aliada no tratamento do Alzheimer.

A pitangueira é uma árvore tipicamente brasileira, nativa da mata Atlântica e que tem como fruto a pitanga. De fácil plantio a árvore pode ser encontrada facilmente em qualquer região do país.

Segundo os pesquisadores, o extrato das folhas de pitangueira possui propriedades medicinais, antioxidantes e anti-flamatórias já comprovadas. O que eles perceberam é que, além dessas propriedades, o extrato apresenta também um efeito neuroprotetor, ou seja, uma capacidade de prevenir a perda de memória.

Para o professor responsável pela pesquisa, o biólogo Ilton Santos da Silva, quando se fala em memória o que está tentando ser preservado é algo que vai muito além do que somente lembrar e esquecer. “Memória não é só não lembrar aonde colocou a carteira ou aonde estão as chaves do carro. Memória é muito mais do que isso. É o reflexo da personalidade do indivíduo, um conjunto de valores de um ser humano que precisa ser preservado”, afirma.


A PESQUISA

A pesquisa usou a metologia de grupos através de testes feitos em ratos de laboratório. As cobaias forma divididas em quatro grupos. Um chamado de controle de animais, que seriam os animais saudáveis, aonde os ratos receberam apenas soro fisiológico ou água, um grupo que recebeu drogas indutoras dos sintomas do Alzheimer. Os dois últimos grupos receberam a droga indutora dos sintomas juntamente com o extrato da folha de pitangueira.

Os testes foram feitos em labirintos aonde os ratos teriam de memorizar os caminhos até a recompensa. Durante 30 dias as cobaias deveriam estar aptas a memorizar e reconhecer os caminhos. O primeiro grupo, que recebeu apenas água e soro, conseguiu atingir o objetivo. O grupo dos ratos que recebeu a droga indutora do Alzheimer se perdeu no caminho. Ou seja, os ratos não foram capazes de memorizar, dentro do labirinto, aonde estaria a recompensa. Já os grupos que receberam a droga e o extrato da folha de pitangueira tiveram a mesma performance que o primeiro grupo e não houve prejuízo de memória nos caminhos percorridos nos labirintos.

Segundo o professor Ilton, ainda são necessárias várias fases de pesquisa até que o achado científico esteja disponível para a população que sofre com a doença. “É necessário entender quais as substâncias presentes na folha de pitangueira estão gerando esta resposta. Quais são os efeitos do uso do extrato, qual a duração do efeito, se há efeitos colaterais e o nível seguro para o uso da planta”.

São respostas que a comunidade acadêmica e científica agora precisam buscar.

Um artigo científico referente à descoberta foi aceito para a publicação em uma revista especializada e deve estar disponível nos próximos meses.

Este é o primeiro estudo que pesquisa a folha de pitangueira na área de neuroproteção do cérebro, uma área que busca formas de reduzir ou evitar a perda de neurônios, comum no processo de envelhecimento e em doenças degenerativas.

A doença de Alzheimer ainda não tem cura, mas a medicação pode ajudar a melhorar a qualidade de vida do paciente. O SUS (Sistema Único de Saúde) oferece, por meio do Programa de Medicamentos Excepcionais, a rivastigmina, a galantamina e o donepezil, principais remédios utilizados para o tratamento do Alzheimer.

Somente no Paraná, há quase 9 mil pessoas cadastradas recebendo os medicamentos gratuitos.

Fonte: Paraná Portal

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