Mercosul e UE fecham maior acordo entre blocos do mundo
- 29/06/2019
Os países do Mercosul e da União Europeia formarão uma das maiores
áreas de livre comércio do planeta a partir do acordo anunciado ontem (28), em
Bruxelas. Juntos, os dois blocos representam cerca de 25% da economia mundial e
um mercado de 780 milhões de pessoas. Quando se considera o número de países
envolvidos e a extensão territorial, o acordo só perde para o Tratado
Continental Africano de Livre Comércio, que envolve 44 países da África e foi
assinado em março deste ano. Mesmo assim, União Europeia e Mercosul fecharam o
maior acordo entre blocos econômicos da história, o que deve impulsionar
fortemente o comércio entre os dois continentes.
O acordo de livre comércio eliminará as tarifas de importação para mais
de 90% dos produtos comercializados entre os dois blocos. Para os produtos que
não terão as tarifas eliminadas, serão aplicadas cotas preferenciais de importação
com tarifas reduzidas. O processo de eliminação de tarifas varia de acordo com
cada produto e deve levar até 15 anos contados a partir da entrada em vigor da
parceria inter-continental.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o acordo
reduz, por exemplo, de 17% para zero as tarifas de importação de produtos
brasileiros como calçados e aumenta a competitividade de bens industriais em
setores como têxtil, químicos, autopeças, madeireiro e aeronáutico. Um estudo
da confederação aponta que dos 1.101 produtos que o Brasil tem condições de
exportar para a União Europeia, 68% enfrentam tarifas de importação. Com a
abertura do mercado europeu para produtos agropecuários brasileiros, que são
altamente competitivos, mais investimentos devem ser aplicados na própria
indústria nacional, já que dados do setor mostram que o agronegócio consome R$
300 milhões em bens industrializados no Brasil para cada R$ 1 bilhão exportado.
Para os países do Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai
e Uruguai (e Venezuela, que está suspensa), o acordo prevê um período de mais
de uma década de redução de tarifas para produtos mais sensíveis à
competitividade da indústria europeia. No caso europeu, a maior parte do
imposto de importação será zerada tão logo o tratado entre em vigor.
"Esse acordo dá nova vida para o Mercosul, que nunca tinha feito uma negociação com grandes países, mas apenas com nações de economia pequena, como Egito e Palestina. Agora, de fato, demonstra-se valor do Mercosul", afirma Ammar Abdelaziz, consultor da BMJ Consultoria.
Na opinião do embaixador José Botafogo Gonçalves, vice-presidente do
Centro Brasileiro Relações Internacionais (Cebri) e ex-ministro da Indústria e
Comércio do governo Fernando Henrique Cardoso, além das vantagens comerciais do
acordo, há uma perspectiva de melhor coordenação regulatória entre os países do
Mercosul. "Esse acordo aumenta a responsabilidade da união aduaneira, que
é o Mercosul, na coordenação de suas políticas macroeconômicas, de maior
convergência nas políticas de comércio. Argentina, Paraguai e Uruguai têm que
se dar conta que o destino deles é comum", afirma.
Agência Brasil
Ficou sabendo de algo? Envie sua notícia no Whats Xeretando (45) 9.9824-7874
Ficou sabendo de algo? Envie sua notícia no WhatsApp Xeretando (45)99824-7874
0 Comentários