Moro aceita denúncia contra 17 acusados por desvios no pedágio
O juiz Sérgio Moro acatou hoje denúncia do Ministério
Público Federal (MPF) contra o ex-diretor do Departamento de Estradas de
Rodagem no Paraná (DER/PR), Nelson Leal Junior, e outros 16 acusados na 48º
fase da operação Lava Jato, que investiga suspeitas de superfaturamento e
desvios nas concessões de pedágio do Paraná. Leal Junior e outros quatro
envolvidos estão presos desde o último dia 22 de fevereiro.
A operação apura o envolvimento de administradores e
funcionários da concessionária de pedágios Econorte, do grupo Triunfo,
operadores financeiros e servidores públicos na prática dos crimes de
associação criminosa, peculato, corrupção, estelionato e lavagem de dinheiro.
Administradores da Econorte e do grupo Triunfo foram denunciados por associação
criminosa, lavagem de dinheiro e estelionato.
Moro manteve a prisão preventiva do ex-diretor do DER e do
diretor-presidente da Triunfo Econorte, Helio Ogama. Ele determinou a soltura
do sócio da Eco Sul Brasil, Wellington de Melo Volpato, que terá que cumprir
medidas cautelares.
Segundo a força-tarefa Lava Jato em Curitiba, os acusados
implantaram um esquema de contratações fraudulentas e desvios no âmbito da
Econorte, com o objetivo de fraudar o equilíbrio econômico financeiro do
contrato de concessão com o Paraná, além de gerar dinheiro em espécie para
pagamento de vantagens indevidas a servidores públicos e também para
enriquecimento dos próprios administradores e funcionários da concessionária.
O esquema fraudulento também teria viabilizado a obtenção de
aditivos contratuais favoráveis à Econorte junto ao Departamento de Estradas de
Rodagem do Estado do Paraná (DER/PR). Administradores da Econorte e da Rio
Tibagi, empresa também controlada pelo grupo Triunfo, foram denunciados ainda
pela prática de peculato por terem se beneficiado do esquema de contratações
ilícitas que gerenciavam no âmbito da concessionária.
Entre os operadores financeiros acusados estão Ivan Carratu,
Rodrigo Tacla Duran, Adir Assad e Marcelo Abud, já investigados anteriormente
pela Lava Jato. Assad e Abudi firmaram acordo de colaboração premiada com o MPF
e detalharam como lavaram R$ 85 milhões para o grupo Triunfo. A denúncia também
acusa Duran e Carratu pela lavagem de outros R$ 6 milhões para empresas do
Grupo Triunfo por intermédio da simulação de contratos de serviços jurídicos.
Segundo a acusação, os operadores financeiros eram responsáveis por gerar
dinheiro em espécie a partir de contratos firmados pelo grupo Triunfo com
empresas de fachada.
A denúncia mostra também contratações irregulares firmadas pela
Econorte com empresas ligadas a agentes públicos do Paraná, incluindo
ex-servidores do DER/PR e da Casa Civil estadual. Segundo a investigação, essas
empresas não prestavam nenhum serviço à concessionária ou os prestavam com
superfaturamento, de modo a beneficiar os próprios agentes públicos e seus
familiares.
De acordo com o MPF, ao mesmo tempo em que eram realizados
pagamentos a empresas relacionadas a operadores financeiros e agentes públicos,
a Econorte foi contemplada com três termos aditivos extremamente benéficos aos
interesses da concessionária, que garantiram aumentos de tarifa cobrada nos
pedágios e supressão da execução de obras contratualmente previstas. Nelson
Leal Júnio é apontado como o principal responsável pelo esquema fraudulento no
órgão estatal. Ao mesmo tempo em que viabilizava os aditivos favoráveis à
Econorte, Leal apresentou aumento de seu patrimônio, que segundo o MPF, seria
incompatível com seus rendimentos, usando recursos em espécie para aquisição de
um apartamento de luxo em Balneário Camboriu (SC) e para depositar em suas
contas pessoais. Segundo a acusação, Leal recebeu, entre 2013 e 2016, mais de
R$ 2 milhões em depósitos em espécie, sem comprovação de origem, nas
contas-correntes que controlava.
A denúncia aponta ainda que o ex-diretor do DER foi
presenteado pela Econorte com dois ingressos para assistir a um jogo da Copa do
Mundo de 2014 em Brasília (DF), em camarote do grupo Triunfo. Cada ingresso
custou cerca de R$ 5 mil e as despesas de viagem foram pagas com recursos em
espécie, poucos meses antes da aprovação de um aditivo favorável aos interesses
do grupo econômico da Econorte.
A denúncia aponta que Leal usou seu cargo no DER/PR para
favorecer também a Ecosul Brasil, do empresário Wellington Volpato. Em troca de
privilégios na liberação de pagamentos e na edição de aditivos favoráveis para
a Ecosul, Volpato teria pago, em mais de uma ocasião, passeios em embarcações
de luxo para Leal e seus familiares. Por esses fatos, a denúncia imputou ao
empresário e a Leal os crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa e
passiva.
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