Sem coligações, número de candidatos deve aumentar
- 18/03/2019
As eleições municipais de 2020
trarão uma mudança que promete provocar uma verdadeira “revolução” no quadro
político partidário do País, com reflexos diretos na disputa pelo poder em
Curitiba. Pela primeira vez, as siglas estarão proibidas de realizar as
chamadas coligações proporcionais para candidatos a vereador. Com isso, a
previsão é de que aumentem não só o número de concorrentes à Câmara Municipal,
mas também à prefeitura.
O fim das coligações foi aprovado
na reforma política votada pelo Congresso em 2017. O objetivo é impedir que um
partido “transfira” votos para candidatos de outras legendas, com votação
inferior por estarem coligados. Até então, o mecanismo permitia que siglas
menores se juntassem a outras para conseguirem emplacar seus candidatos. Sem
ele, os partidos terão que se virarem sozinhos, o que a princípio,
beneficiariam as agremiações maiores, mais tradicionais e organizadas.
Diante das novas regras, as
legendas que quiserem entrar na disputa terão que apresentar suas próprias
chapas à Câmara. O que deve levar também ao aumento do número de concorrentes à
prefeitura, já que os partidos que não disputarem a eleição majoritária com
nomes próprios perderão visibilidade. Além disso, os candidatos dos grandes
partidos terão pouco a oferecer para atrair outras siglas para uma coligação na
disputa pelo Executivo, apesar dessas alianças para a eleição de prefeito
continuar sendo permitida.
“A tendência é você ter mais
candidatos. Agora vai começar a dar chance para muita gente. Porque se eu sou
um candidato com 1 mil, 1,5 mil votos e você apresenta uma chapa onde eu tenha
chance é capaz de eu me interessar Então acho que vai ajudar muito o partido
pequeno que tiver chapa. Quem não tiver chapa está morto”, avalia o diretor da
Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. “Tinha uma versão de que os partidos pequenos
sairiam perdendo. Agora a versão é de que quem tiver chapa vai sair
fortalecido, independente de ser pequeno ou grande. Porque todo mundo vai
querer entrar. Se eu tiver vinte candidatos com 500 votos, todo mundo vai
querer entrar nesse partido”, explica ele.
Concorrência - Nas eleições de
2016 em Curitiba, 19 partidos elegeram vereadores, mas apenas oito tiveram
candidatos próprios à prefeitura. Essa situação deve mudar no ano que vem com o
fim das coligações, já que os candidatos a prefeito de legendas tradicionais ou
com maior potencial de votos terão dificuldades para atrair o apoio de outras
siglas sem a contrapartida da aliança para a disputa pelas cadeiras no
Legislativo.
Na eleição passada, o atual
prefeito, Rafael Greca (PMN), se elegeu com o apoio de sete partidos. Seu
concorrente no segundo turno, o deputado federal Ney Leprevost (PSD), reuniu o
mesmo número de siglas. Em outras disputas, com a eleição para o governo do
Estado de 2014, o então governador Beto Richa (PSDB) disputou a reeleição com o
apoio de 18 partidos. Essa situação das chamadas “coligações ônibus”
dificilmente se repetirá, avalia Hidalgo. “Não tem mais o que oferecer. A
proporcional vai ficar muito ruim (para quem não tiver candidato próprio à
prefeitura)”, prevê. “Acho que a gente vai ter sete, oito candidatos até certo
ponto competitivos”, considera o diretor da Paraná Pesquisas.
Ele cita outro motivo para isso, lembrando que apesar de não ter chegado ao segundo turno da disputa pela prefeitura, em 2012, o então prefeito Luciano Ducci (PSB) se elegeu em 2014 com uma das maiores votações da Capital para a Câmara Federal. O mesmo aconteceu com o ex-prefeito Gustavo Fruet (PDT), que ficou fora do segundo turno para o Executivo em 2016, mas no ano passado foi o mais votado para deputado federal em Curitiba. “Mesmo perdendo para prefeito é a garantia da eleição para deputado. Ninguém perde, só ganha. Então acho que vai ter muito candidato porque eles estão percebendo isso. Se não disputar, não se elege”, diz Hidalgo.
Bem Paraná
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