Anvisa reavalia glifosato e descarta risco de câncer pelo consumo de alimentos
- 08/03/2019
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reavaliou o risco
do glifosato e concluiu que não causa mutações no DNA, no código genético
humano (não mutagênico), nem nos embriões ou fetos (teratogênico), não é
cancerígeno (carcinogênico) e não é desregulador endócrino (não afeta o sistema
hormonal), não afetando a reprodução.
A Anvisa alertou, entretanto, que os trabalhadores que atuam em
lavouras precisam ter cuidados especiais. Para isso, são importantes o uso de
Equipamentos de Proteção Individual (traje/equipamentos especiais para a
aplicação do produto nas lavouras), além do controle para evitar dispersão
(deriva) do produto quer seja aérea, terrestre ou na água.
A agência utilizou estudos sobre os efeitos do glifosato realizados no
Canadá, Estados Unidos e Europa. Também foram analisados dados do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que mostraram o perfil de
intoxicações por glifosato no Brasil. Os dados do monitoramento de água para
consumo humano no Brasil produzidos entre 2014 e 2016 também foram incluídos
para ser conhecido o risco do glifosato aos seres humanos. Foram analisadas
22.704 amostras de água e em apenas 0,03% dos casos havia presença de glifosato
em nível acima do limite permitido.
A Reavaliação foi iniciada em 2008, tem cerca de 400 páginas e utilizou
dados nacionais sobre agrotóxicos. Entre as informações analisadas estão os
números sobre a existência de resíduos destes produtos, feitos em 906 amostras
de arroz, manga e uva.
A Anvisa decidiu abrir consulta pública, com prazo de 90 dias, para
recebimento de sugestões à nova regulamentação de uso do glifosato no país. E
já inicia com propostas de proibição de formulações do tipo EW (emulsão óleo em
água) para reduzir possibilidade de inalação e absorção pela pele; rodízio de
trabalhadores nas atividades de aplicação com trator (mistura, abastecimento e
aplicação); equipamento de proteção individual (EPI) e carência para reentrada
do trabalhador em áreas tratadas; adoção de tecnologia para redução da
dispersão; faixa de segurança de 10 metros na lavoura quando houver povoações a
500 metros de distância; definição do limite de exposição e tolerância para o
trabalhador rural.
O glifosato é o produto (ingrediente ativo) mais utilizado no Brasil
para a eliminação de ervas daninhas, sendo usado nas lavouras de soja, milho,
algodão, arroz, feijão, café, banana, cacau, cana-de-açúcar, citros, coco,
fumo, maçã, mamão, nectarina, pastagem, pêra, pêssego, ameixa, seringueira,
trigo, uva e nas florestas de eucalipto e pinus.
Fonte:Paraná Portal
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