Estados Unidos diminuem área plantada e Brasil será maior produtor mundial de soja em 2020
- 27/02/2019
Guerra comercial com a China motivou os
produtores norte-americanos a reduzirem em 1,7 milhão de hectares suas lavouras
O conflito comercial entre Estados Unidos e China tem o
Brasil como principal vencedor. De acordo com o Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (USDA), as lavouras norte-americanas de soja foram reduzidas em
5% em comparação ao último ciclo, marcando 1,7 milhão de hectares plantados. O
resultado americano coloca a produção brasileira como líder mundial já no ciclo
2019-2020, com 130 milhões de toneladas contra 128 milhões de toneladas. Esse
foi um dos temas abordados na 95ª edição do Agricultural Outlook Forum,
realizado em Arlington, estado da Virgínia (EUA).
Sem
negociação com os Estados Unidos, a China buscou no Brasil seu principal
fornecedor de soja. Somente em 2018, os chineses importaram 69 milhões de
toneladas da oleaginosa, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior
(Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Esse montante equivale a 84% da produção nacional dessa cultura, registrada em
83,6 milhões de toneladas neste ciclo.
“Para
os norte-americanos, os prejuízos com esse conflito devem ficar na casa de US$
7,9 bilhões. A expectativa é que o país aposte ainda mais no cultivo de milho,
que vem registrando altas consecutivas em seu preço, devendo crescer cinco
centavos por bushel nesta próxima safra. Com isso, a área cultivada dessa
cultura deve crescer 3,3%, chegando a 37,2 milhões de hectares”, explica o
coordenador da Expedição Safra e gerente do núcleo de agronegócio da Gazeta do
Povo, Giovani Ferreira.
Ainda
segundo Ferreira, o Brasil não pode se acomodar com esse cenário comercial. Com
a volatilidade dos acordos chineses, concentrar quase toda sua produção em um
único exportador pode trazer sérios prejuízos ao setor. “É importante que
nossas exportações sejam diversificadas. Neste ano a China sobretaxou o frango
brasileiro, por exemplo. Buscar acordos com novos centros como a União Europeia
é fundamental para a estabilidade da produção nacional dessa cultura”.
Outro tema debatido no evento foi a busca da melhora das relações diplomáticas entre Estados Unidos com seus vizinhos México e Canadá. Vale ressaltar que houve estreitamento do comércio entre brasileiros e mexicanos nos últimos anos, com a habilitação de 26 plantas frigoríficas avícolas nacionais para exportação aos hispânicos, além de terem iniciado a importação do milho do Brasil a partir de 2017.
Roteiro
Pelo décimo ano consecutivo, a Expedição Safra realizou a cobertura do Agricultural Outlook Fórum. O levantamento técnico e jornalístico, que confere a produção e analisa tendências do mercado, já percorreu desde outubro de 2018 os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A equipe ainda irá passar por Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia, que compõem o polo produtor do Matopiba, além do México.
Fonte: Gazeta do Povo
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