Estados do Sul une esforços para ampliar produção de leite
- 20/02/2019
O avanço da sanidade e da
rastreabilidade animal foram eleitas as prioridades para que os estados do Sul
(Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) adquiram condições de qualidade e
de competitividade para que a região se torne grande exportadora de leite.
Esses estados compõem a Aliança Láctea Sul, constituída há quatro anos, para
harmonizar o crescimento da cadeia produtiva do leite na região Sul do País.
Representantes dos três estados
debateram o tema nesta segunda-feira (19) na sede da Faep (Federação da
Agricultura do Estado do Paraná), em Curitiba, com a presença dos secretários
da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, do Paraná, e de Ricardo de
Gouvêa, da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina.
A pauta da Aliança Láctea Sul
será encaminhada aos novos governadores para que possam ratificar e dar
sustentação às propostas. A região é responsável por 40% da produção de leite
no País, enquanto tem apenas 15% dos consumidores brasileiros. Os três estados
se destacam como segundo, terceiro e quarto colocados, respectivamente, no
ranking da produção nacional de leite. O primeiro estado produtor é Minas
Gerais.
Segundo Norberto Ortigara, o
leite representa o quarto produto em volume de produção no Paraná, atrás das
cadeias de soja, frango e milho. "Ou a gente produz para o mundo ou não
temos como colocar toda a produção no mercado interno. Para isso temos que
continuar perseguindo uma produção de qualidade", disse.
O secretário Ricardo de Gouvêa
disse não ter dúvidas que está ocorrendo uma revolução silenciosa na produção
de leite na região Sul do País, onde muitas propriedades familiares já
trabalham com grande tecnologia.
O chefe da Embrapa Gado de Leite
de Juiz de Fora (MG), Paulo do Carmo Martins, afirmou na reunião que um indício
forte dessa evolução é que a empresa foi procurada pelo BNDES para fazer um
trabalho específico para o produtor, o que representa uma mudança importante
para o setor. "Chamou a atenção que embora nossa produtividade seja menor
em relação aos países grandes produtores, nossos preços são competitivos, o que
favorece uma transformação no meio de produção", disse.
Martins elencou a necessidade de
políticas públicas focadas no setor produtivo para eliminar diferenças
regionais. "Ao mesmo tempo que municípios têm baixa produtividade, outros
exibem excelente produtividade, similares às melhores do mundo",
acrescentou.
Condições e prioridades
Foram debatidos os desafios para
que os estados do Sul busquem o mercado externo para dar vazão à produção, que
é bem maior que o consumo.
Para o secretário Norberto
Ortigara, os três estados reúnem condições adequadas de pastagens abundantes,
possibilidade de produção de biomassa, oriunda da avicultura e suinocultura, na
reciclagem das pastagens, que representa um valioso insumo que é o adubo
orgânico que a vaca converte em leite.
Também reúne boas condições de
clima, regime hídrico e condições mais favoráveis de se trabalhar com animais
das raças europeias, grandes produtoras de leite. Além disso, os três estados
têm a tradição da agricultura familiar porque a produção de leite exige a
habilidade do produtor na produção e manejo do animal.
Prioridades
O coordenador-geral da Aliança
Láctea Sul, Airton Spies, falou das prioridades do programa de trabalho para
2019, elencando em cinco eixos as frentes de trabalho: tecnologia e assistência
técnica aos produtores; qualidade do leite como elevação da incidência de
sólidos no leite; sanidade no combate à brucelose e tuberculose; organização
setorial para que a logística de captação do leite seja mais eficiente e
redução das assimetrias, com a eliminação de vantagens tributárias em alguns
estados.
Foto: Assessoria Faep
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