Lula sanciona lei que restringe uso de celular em escolas
- 14/01/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta
segunda-feira (13) o Projeto de Lei 104/2015, que restringe o uso de aparelhos
eletrônicos portáteis, sobretudo telefones celulares, nas salas de aula de
escolas públicas e privadas do ensino básico em todo o país. Um decreto do
presidente, que sairá em até 30 dias, vai regulamentar a nova legislação, para
que passe valer para o início do ano letivo, em fevereiro. O projeto de lei foi
aprovado no fim do ano passado pelo Congresso Nacional.
"Essa sanção aqui significa o reconhecimento do
trabalho de todas as pessoas sérias que cuidam da educação, de todas as pessoas
que querem cuidar das crianças e adolescentes desse país", afirmou o
presidente, que fez questão de elogiar o trabalho dos parlamentares que aprovaram
a medida.
"Imagina uma professora dando aula e, quando ela olha
para os alunos, está cada um olhando para o celular, um tá na China, outro tá
na Suécia, outro tá no Japão, outro está em outro estado conversando com gente
que não tem nada a ver com a aula que ela está recebendo. A gente precisa
voltar a permitir que o humanismo não seja trocado por algoritmo",
enfatizou Lula ao comentar sobre a nova lei.
Países como França, Espanha, Grécia, Dinamarca, Itália e
Holanda já adotam legislações que restringem uso de celular em escolas. Apoiado
pelo governo federal e por especialistas, o projeto alcançou um amplo consenso
no Legislativo, unindo governistas e oposicionistas.
"Não dá para um aluno estar na sala de aula, no Tiktok,
na rede social, quando o professor está dando aula. Toda vez que um aluno
recebe uma notificação, é como se ele saísse da sala de aula. Toda vez que ele
recebe uma notificação quando ele está numa roda de conversa, é como se a gente
perdesse a atenção dele", afirmou o secretário municipal de Educação do
Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, que é deputado federal licenciado e autor do
projeto na Câmara. Ele classificou o projeto como uma das principais vitórias
do século na educação brasileira.
De acordo com o ministro da Educação, Camilo Santana, a lei
restringe o uso em sala de aula e nos intervalos, para fins pessoais, mas há
exceções, como o uso para finalidade pedagógica, sob supervisão dos
professores, ou em casos de pessoas que necessitem de apoio do aparelho para
acessibilidade tecnológica ou por alguma necessidade de saúde.
"Nós não somos contra acesso a tecnologias, até porque
não há mais retorno no mundo de hoje. Mas nós queremos que essa tecnologia,
essa ferramenta, seja utilizada de forma adequada e, principalmente, nas faixas
[etárias] importantes da vida das crianças e adolescentes", afirmou o
ministro, que alertou sobre o uso cada vez mais precoce e prolongado do celular
por crianças.
"Estamos fazendo uma ação na escola, mas é importante
conscientizar os pais de limitar e controlar o uso desses aparelhos fora de
sala de aula, fora da escola", acrescentou Camilo Santana.
A secretária nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente, Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, que coordena a Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), afirmou que o colegiado
vai publicar orientação para as redes públicas e privadas. "O Conselho
Nacional de Educação vai fazer uma resolução que oriente as redes, as escolas,
de como fazer isso sem parecer uma opressão", disse. O MEC também deve
publicar guias com orientações para as escolas de todo o país.
Agência Brasil | Foto:
Ricardo Stuckert/PR
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