Autoridades pedem responsabilização por tentativa de golpe
- 09/01/2025
O Palácio do Planalto foi palco, na manhã desta quarta-feira
(8), de um ato político sobre os dois anos da invasão e destruição dos prédios
na Praça dos Três Poderes, em uma tentativa de golpe de Estado para depor o
atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que derrotou o
ex-presidente Jair Bolsonaro nas urnas, em 2022. Acompanhado por autoridades,
entre magistrados de tribunais superiores, parlamentares e ministros, o evento
contou com discursos dos representantes dos Poderes presentes, que reafirmaram
a necessidade de que o episódio de ataque à democracia assegure a
responsabilização de seus mentores e executores.
"Não podemos ser tolerantes com os intolerantes. Não
podemos homenagear o fascismo, o ódio político. Precisamos aprender com a
história. Aqueles que querem romper com a democracia não podem ter de nossa
parte a leniência", afirmou a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS),
segunda-secretária da Câmara dos Deputados. Ela representou o presidente da
Casa, Arthur Lira (PP-AL), que não compareceu ao ato. Em alguns momentos
durante a cerimônia, os presentes gritaram em coro a frase "sem
anistia", em alusão aos processos judiciais e investigação em curso contra
os envolvidos nos atos golpistas.
Pelo Senado Federal, o vice-presidente Veneziano Vital do
Rêgo (MDB-PB) foi o representante no lugar do presidente Rodrigo Pacheco
(PSD-MG). Para ele, o ato não significa partidarização, mas a necessidade de
preservar a memória de uma agressão à democracia. Na presença dos comandantes
das Forças Armadas (Exército, Força Aérea e Marinha), Veneziano falou sobre
destacar aquelas autoridades que permaneceram fiéis à democracia, separando-as
de quem tentou quebrar as regras constitucionais.
"Entre membros das Forças houve aqueles que não se
predispuseram a subjugar-se à infâmia dos que tentavam e tramavam contra as
vidas, como a do presidente Lula, do vice-presidente Alckmin, do ministro
Alexandre de Moraes. É necessário que façamos justiça porque não podemos tratar
igualmente os que são desiguais", afirmou.
Já o presidente Lula fez questão, antes iniciar o seu
discurso, de destacar a presença dos comandantes militares. "Eu quero
agradecer ao José Múcio [ministro da Defesa], que trouxe os três comandantes
das Forças Armadas, para mostrar a esse país que é possível a gente construir
as Forças Armadas com o propósito de defender a soberania nacional",
disse.
O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Edson Fachin, foi quem discursou no lugar do ministro Luís Roberto
Barroso, que está em viagem. "Relembrar essa data, com a gravidade que o
episódio merece, constitui um esforço para virarmos a página, mas sem
arrancá-la da história. A maturidade institucional exige a responsabilização
por desvios dessa natureza. Ao mesmo tempo, porém, estamos aqui para reiterar
nossos valores democráticos, nossa crença no pluralismo e no sentimento de
fraternidade. Há lugar para todos que queiram participar sob os valores da
Constituição", afirmou Fachin lendo um discurso do próprio ministro
Barroso.
Redes sociais
O ministro prosseguiu o discurso do presidente do STF,
enfatizando as iniciativas para desregulamentar a profusão de notícias falsas
nas redes sociais. Foi uma menção indireta ao anúncio da empresa Meta, que
controla Instagram, WhatsApp e Facebook, que afrouxará regras sobre conteúdos
de ódio nas plataformas.
"Não devemos ter ilusões. No Brasil e no mundo, está
sendo insuflada a narrativa falsa de que enfrentar o extremismo e o golpismo,
dentro do Estado de direito, constituiriam autoritarismo. É o disfarce dos que
não desistiram das aventuras antidemocráticas, com violação das regras do jogo
e supressão dos direitos humanos. A mentira continua a ser utilizada como instrumento
político naturalizado".
Em seu discurso, Lula falou que a democracia venceu que,
agora, é preciso que as pessoas que provocaram a tentativa de quebra
democrática e de crimes graves sejam processadas e punidas. "Os
responsáveis pelo 8 de janeiro estão sendo investigados e punidos. Ninguém foi
ou será preso injustamente. Todos pagarão pelos crimes que cometeram, inclusive
os que planejaram os assassinatos do presidente, do vice-presidente da
República e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral", afirmou.
Segundo a Presidência da República, três governadores
compareceram ao evento: Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), Jerônimo
Rodrigues (Bahia) e Elmano de Freitas (Ceará). A vice-governadora de
Pernambuco, Priscila Krause, também estava presente. Já entre os ministros do
governo, o comparecimento foi amplo, com 34 titulares do primeiro escalão
presentes. Presidentes de tribunais superiores, como o Superior Tribunal de
Justiça (STJ) e o Superior Tribunal Militar (STM), também marcaram presença no
ato.
EBC | Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
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