Em votação simbólica, Congresso aprova LDO 2025
- 19/12/2024
O Congresso Nacional aprovou hoje (18), em votação
simbólica, o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 (PLN
3/24). O relatório aprovado na Comissão Mista de Orçamento (CMO) ontem (17)
estabelece entre outros pontos, a previsão de uma meta de déficit zero para o
Orçamentos Fiscal e a Seguridade Social em 2025. O texto agora será enviado ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser sancionado.
O texto aprovado estabelece a margem de tolerância na meta
fiscal de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para mais ou
para menos. Em valores absolutos, a LDO prevê que o resultado primário poderá
variar entre déficit de R$ 31 bilhões e superávit primário de R$ 31 bilhões em
2025, considerando a margem de tolerância.
Não serão consideradas na meta de deficit primário as
empresas do Grupo Petrobras, as empresas do Grupo Empresa Brasileira de
Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar); e as despesas do
Orçamento de Investimento destinadas ao Programa de Aceleração do Crescimento
(Novo PAC), limitadas a R$ 5 bilhões.
Salário mínimo
O texto prevê reajuste do salário mínimo para R$ 1.502 reais
em 2025. O valor, entretanto, ainda pode ser modificado devido ao pacote de
cortes de gastos enviado pelo governo, que ainda não foi votado.
O parecer aprovado na comissão, de relatoria do senador
Confúcio Moura (MDB-RO) acolheu 694 emendas ao texto, que possui cerca de mil
páginas.
Fundo partidário e emendas
Os congressistas alteraram o texto aprovado na Comissão
Mista de Orçamento nos pontos relativos ao Fundo Especial de Assistência
Financeira aos Partidos Políticos, o Fundo Partidário e ao contingenciamento de
emendas parlamentares.
Em relação ao Fundo Partidário, o texto aprovado na comissão
estabelecia que o fundo deveria ser corrigido segundo as regras do novo
arcabouço fiscal em 2025, limitado a até 2,5% acima da inflação do ano
anterior. Com a alteração, a correção do fundo partidário será feita pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Já em relação às emendas parlamentares, os congressistas
retiraram a previsão de o governo contingenciar emendas parlamentares quando
necessário. Agora, se o Executivo desejar contingenciar as emendas, deverá
respeitar a mesma proporção aplicada às demais despesas discricionárias.
Ao apresentar as alterações, Confúcio Moura ressaltou ser
contra as alterações, mas disse que promoveu mudanças devido a um acordo de
líderes partidários das duas cassa.
“É uma referência ao fundo partidário. Há uma divergência
corrigida na mensagem do executivo de que o fundo partidário seria corrigido na
mesma proporção das receitas da Justiça Eleitoral. Os líderes partidários não
concordaram”, disse. “Se houver contingenciamento de despesas do Executivo,
elas não incidirá sobre emendas parlamentares”, explicou.
Para emendas parlamentares de transferência especial, as
chamadas emendas Pix, foi mantido o relatório de Confúcio Moura, determinando
que seja informado previamente o plano de trabalho, com objeto e valor do
repasse. A falta do plano pode implicar na suspensão da execução da emenda.
Outra regra da LDO prevê que não serão vedados repasses federais a municípios
com população inferior a 65 mil habitantes que estejam inadimplentes.
Além disso, o relatório incluiu uma lista com 16 tipos de
despesas que não poderão ser contingenciadas, ou seja, congeladas no Orçamento
de 2025.
São elas:
- promoção do desenvolvimento regional por meio de recursos
arrecadados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus;
- despesas relacionadas ao Ensino Profissional Marítimo; a
implantação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras; despesas do
Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal;
- despesas com análises para outorga de títulos minerários e
com a fiscalização da lavra de recursos minerais estratégicos; aquisição e
distribuição de alimentos da agricultura familiar;
- defesa agropecuária; subvenção econômica ao prêmio do
seguro rural;
- despesas com proteção, promoção e apoio às populações
indígenas;
- programa de proteção aos defensores de direitos humanos, comunicadores
e ambientalistas;
- programa de proteção a crianças e adolescentes ameaçados
de morte;
- programa de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas;
- Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente; Fundo
Nacional do Idoso;
- Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações;
despesas com a prevenção e mitigação de desastres naturais.
Algumas despesas orçamentárias ficaram protegidas de contingenciamento
de gastos ao longo do próximo ano, impedindo o governo federal de cortar essas
despesas para cumprir a meta fiscal.
Entre os gastos que não poderão ser congelados estão:
- Sistema de Fronteiras;
- Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal;
- Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa);
- apoio às populações indígenas; Fundo Nacional para a
Criança e o Adolescente;
- Fundo Nacional do Idoso;
- análises para outorga de títulos minerários com a
fiscalização da lavra de recursos minerais estratégicos;
- aquisição e distribuição de alimentos da agricultura
familiar para promoção da segurança alimentar e nutricional;
- defesa agropecuária; seguro rural; e outros.
Créditos extraordinários
O Congresso Nacional aprovou ainda vários projetos que abrem
créditos extraordinários ao Orçamento de 2024, no valor total de R$ 5,7
bilhões. Os textos seguem para sanção presidencial.
Entre eles estão o que abre o Orçamento Fiscal da União, em
favor dos Ministérios da Justiça e Segurança Pública, dos Transportes, e de
Portos e Aeroportos, e de Operações Oficiais de Crédito, crédito especial no
valor de R$ 4,031 bilhões.
A pasta de Portos e Aeroportos recebeu ainda crédito suplementar
de R$ 15,4 milhões.
Também foi aprovada a abertura de crédito suplementar de R$
227 milhões para o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura
Familiar, destinado ao Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária
(Incra) e de R$ 79 milhões para os ministérios das Relações Exteriores e do
Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Foram abertos créditos suplementares para: o Tribunal de
Contas da União e as Justiças Federal e Eleitoral, no valor de R$ 33 milhões;
Ministério Público da União, no valor de R$ 25,5 milhões; a Companhia Docas do
Rio Grande do Norte, no valor de R$ 16 milhões; de R$ 553 milhões para as
empresas Araucária Nitrogenados S.A., Petrobras Biocombustível S.A. e Petróleo
Brasileiro S.A.
As Justiças Federal e Eleitoral, juntamente com a Justiça do
Trabalho e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), receberam também outro crédito
no valor de R$ 286,9 milhões aprovados em dois pedidos de abertura de crédito
suplementar.
Os congressistas aprovaram créditos suplementares para
diversas empresas públicas. Foram R$ 200 milhões para ser dividido entre o
Banco da Amazônia (Basa), a Eletrobras Termonuclear, a Petrobras
Biocombustível, a Companhia Docas do Ceará, e a Empresa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária (Infraero).
Foram aprovados ainda créditos de R$ 552,8 milhões para
empresas do grupo Petrobras. A maior parte dos investimentos beneficiará a
Araucária Nitrogenados, subsidiária da Petrobras que produz fertilizantes; e de
67,3 milhões para investimentos no exterior da filial da Petrobras que fica na
Holanda
Os congressistas aprovaram mudanças no Plano Plurianual
(PPA) 2024-2027 para alterar a meta de matrículas no ensino superior para
jovens entre 18 e 24 anos.
O objetivo é realizar ajustes na previsão que passa de 43,4%
em 2027 para 42,6%. Em 2022, esta taxa estava em 38,53%. O texto também inclui
o programa Empreendedorismo e Inclusão Socioprodutiva no PPA, que tem como um
dos objetivos reduzir o tempo para a abertura de empresas de 26 horas para 5
horas em 2027.
EBC | Foto: MARCELLO CASAL JRAGÊNCIA BRASIL
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