Secretário, servidores e conselheira de São Pedro do Iguaçu recebem Bolsa Família irregularmente

  • 25/09/2024

O jornal Gazeta de Toledo investigou uma denúncia enviada por leitores da coluna Gente & Poder, revelando que, na cidade de São Pedro do Iguaçu, no Oeste do Paraná, alguns servidores da atual gestão, além de ex-servidores, estão recebendo irregularmente o auxílio Bolsa Família.

Cruzamento de dados

Através do cruzamento de informações, a Gazeta de Toledo identificou seis nomes de servidores estatutários, temporários, comissionados e até mesmo uma conselheira tutelar, que estão recebendo o Bolsa Família de forma indevida. Além disso, também foi descoberto que a filha de um empresário do setor de transporte escolar e sua mãe, que é responsável pelo cadastro do Bolsa Família, também recebem o benefício, bem como a esposa de um assessor parlamentar, que é outra pessoa incluída irregularmente no programa. Para piorar, até mesmo um secretário e o diretor de Esportes recebem a bolsa.

Outra lamentável denúncia aponta que várias famílias em situação de extrema pobreza, em São Pedro do Iguaçu, tiveram seus benefícios cortados desde abril deste ano, apesar de se enquadrarem nos critérios para o recebimento do auxílio.

Os holerites de pagamento dos envolvidos demonstram que a renda familiar per capita é muito superior a meio salário mínimo, que é o limite máximo para ter direito ao Bolsa Família.

Ação do Ministério Público

De acordo com o ministro Wellington Dias, há casos de pessoas com rendas elevadas, chegando a até nove salários mínimos, que estão recebendo o benefício, o que vai contra a sua finalidade, que é atender famílias de baixa renda. No caso de São Pedro do Iguaçu, acredita-se que o Ministério Público deva agir rapidamente para coibir esses abusos e garantir que o programa seja destinado a quem realmente necessita.

Quando o bolsa família vira bolsa de grife

Em São Pedro do Iguaçu, uma cidade que até parece um retrato bucólico do interior do Paraná, os ventos andam soprando murmúrios nada agradáveis. Entre um café e outro, na praça central, as conversas correm soltas: “Já ouviu falar? Dizem que tem gente importante recebendo Bolsa Família!” E não é que as fofocas, ao contrário de muitas, têm fundamento?

O escândalo chegou com uma força que nenhum temporal de verão poderia igualar. Os servidores municipais, pessoas que deveriam estar zelando pelo bom funcionamento da máquina pública, foram pegos de surpresa… ou nem tanto. Alguns, com seus cargos estáveis e salários regulares, não resistiram à tentação e fizeram da “bolsa” um acessório a mais, como quem compra uma bolsa de grife que jamais usaria, mas que é impossível resistir porque está na promoção.

Mas vamos aos fatos: servidores, empresários e até a conselheira tutelar — que ironicamente deveria estar preocupada com o bem-estar das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade — foram descobertos recebendo o Bolsa Família. Aquele mesmo benefício que, para muitos, representa a diferença entre o prato cheio e a mesa vazia.

O mais curioso (ou triste) é que, enquanto essas pessoas embolsam o benefício sem necessidade, famílias em extrema pobreza veem o auxílio ser cortado, desde abril. São as mães que não sabem como alimentar os filhos no final do mês, os pais que perderam o emprego e dependem daquele pouco para sobreviver. Tudo isso enquanto outros, com suas rendas bem acima do permitido, seguem vivendo confortavelmente.

Na pequena São Pedro do Iguaçu, que até então era apenas mais uma cidade pacata, o dinheiro público parece ter encontrado um destino irônico. O que era para ser um alívio em tempos difíceis, virou um “agrado extra” para quem, em tese, já vive bem. E quem mais precisa? Continua à margem, invisível, como tantas outras injustiças que marcam nosso Brasil.

E, no final, ficam as perguntas: o que faz uma pessoa que já tem estabilidade e renda “roubar” aquilo que pertence aos mais necessitados? Será a ganância humana um poço sem fundo? Ou será que, na lógica distorcida de alguns, “se o governo dá, por que não pegar?”

O Ministério Público pode até vir e colocar as coisas em ordem, mas a mancha fica. São Pedro do Iguaçu vai se lembrar por um bom tempo dessa história. E quem sabe, um dia, essa “bolsa de grife” que tanto reluziu nos ombros de alguns possa finalmente chegar às mãos de quem realmente precisa.







Gazeta Toledo

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